Génesis Capítulo 11
Significado de Génesis 11
Génesis 11
Génesis 11:1-9 - Com a famosa história da confusão de línguas na torre de Babel, o prólogo da Bíblia chega ao fim. É necessário que as pessoas, ao lerem Génesis 12, saibam que Yahweh, o Deus que falou com Abrão (Abraão), é o Criador contra o qual a humanidade se rebelou, que Ele impôs julgamentos de variados tipos às pessoas, ao incluir o Dilúvio e a confusão de línguas, e que tornou a humanidade bastante diversa e complexa. No próximo capítulo de Génesis, vamos tomar consciência das acções da graça de Deus na vida de um homem e uma mulher, Abrão e Sarai, cujo prometido descendente estenderia as bênçãos do Senhor a todas as pessoas, em todos os lugares. A confusão das línguas em Babel (Génesis 11:1-9) é também a história do início das diversidades raciais, étnicas, culturais e familiares. Por meio do filho prometido a Abraão e do Cordeiro que o Senhor proveria para si (Génesis 12:3; 22:15-18), as pessoas da terra poderiam tornar-se o povo de Deus, e todas as línguas viriam a louvar o Messias (Apocalipse 5:8-14).
Génesis 11:1 - E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala. Esta passagem diz respeito ao tempo que veio logo após o Dilúvio; uma época anterior à dispersão dos clãs (comparar com Génesis 10:5, 20, 31-32).
Génesis 11:2 - A terra de Sinar, uma região da antiga Babilónia, fica na Mesopotâmia (Génesis 10:10). Está localizada numa parte do actual Iraque. Tradicionalmente, os estudiosos apontam a região como o local onde ficava o jardim do Éden.
Génesis 11:3 - O uso dos tijolos na construção de edificações já era um procedimento comum nesse período. A utilização de enormes pedras, a pesar várias toneladas, veio mais tarde. As imensas construções de tempos posteriores, que usavam blocos, eram tão bem-feitas e encaixavam-se tão perfeitamente que dispensavam o uso de argamassa.
Génesis 11:4 - "E disseram: Eis, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus". Pode ser que essa torre cujo cume toque nos céus seja um modo de resgatar a lembrança que as pessoas tinham das montanhas do Oriente, onde outrora viveram e adoraram os seus deuses nas alturas. Elas haviam migrado para as planícies [de Sinar] e queriam ficar famosas como os nefilins (os gigantes ou homens poderosos) eram antes do Dilúvio. [É isso que vemos em: "E façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra]. Motivadas pelo orgulho e pela arrogância, essas pessoas pretendiam, com a edificação da torre, fazer com que os seus nomes ficassem famosos; temiam ser dispersas, pelas circunstâncias ou pelo Senhor, e não alcançar a grandiosidade da sua ambição.
Génesis 11:5 - "Então, desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam". Esse é um modo de falar da omnisciência de Deus (Génesis 18:21).
Génesis 11:6 - Aqui vemos que o Senhor mostra-se preocupado com a potencialidade da humanidade de tornar-se tão pervertida quanto era antes do Dilúvio. Deus tomaria providências para que isto não acontecesse.
Génesis 11:7 - "Eis, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro". O uso do verbo no plural aqui é similar ao que vemos em Génesis 1:26-28. O plural majestático enfatiza a magnitude daquele que fala. As variedades de língua, cultura, valores e clãs começaram neste ponto. Se não fosse pela arrogância dos homens, essa divisão não seria necessária. Um dia, os povos de todas as culturas e línguas vão unir-se para celebrar a graça manifesta pelo Filho de Deus, ao elevar, juntos, as suas vozes para adorar o Cordeiro (Apocalipse 5:8-14).
Génesis 11:8 - "Assim, o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra". Há três grandes julgamentos de pecados cometidos pela humanidade na primeira parte de Génesis (Génesis 1 - 11). O primeiro é a expulsão do Éden (Génesis 3); o segundo é o Dilúvio (Génesis 6-9), e o terceiro é a dispersão das pessoas de Babel (Lucas 1:51).
Génesis 11:9 - Há um trocadilho com o nome Babel que nenhuma pessoa que soubesse os idiomas antigos ignoraria. Isso porque o termo vem de uma raiz primitiva [balai] que significa confundir. Em hebraico, a palavra badal soa similar ao nome da cidade, babel. A principal cidade do antigo paganismo (a Babilónia) é meramente um lugar de confusão, porque ali o Senhor confundiu as línguas. Assim, Babel e Babilónia servem como um símbolo na Bíblia para actividades direccionadas contra Deus pelas nações do mundo (Apocalipse 17).
Génesis 11:10 - Listas de genealogias são encontradas em dez significantes passagens no livro de Génesis. Os judeus descendem de Sem. Consequentemente, as passagens que se seguem dão ênfase a este filho de Noé e à sua família.
Génesis 11:10-25 - O padrão neste rol de descendentes é similar ao encontrado em Génesis 5. Mas, aqui, apenas os três primeiros elementos são fornecidos.
1) aos "x" anos;
2) "A" gerou "B";
3) "A" viveu "x" anos.
Assim como acontece em Génesis 5, a lista deixa de fora alguns nomes, ao focar-se apenas nos principais personagens na linha de descendência desde Noé até Abraão. Ao ser assim, "B" pode ser um descendente remoto, e não o filho que foi gerado literalmente por "A" (Génesis 5:20). Portanto, a genealogia mostra que Abraão era um descendente de Noé por meio de Sem, assim como Noé era um descendente de Adão por meio de Sete. Note-se que apesar das pessoas listadas em Génesis 11 terem tido uma vida bastante longa, elas não viveram tanto quanto as pessoas listadas em Génesis 5. Na verdade, o período de vida foi encurtando progressivamente. Sem viveu 600 anos (Génesis 11:10-11), Naor 148 anos (Génesis 11:24-25). Note-se também que não é mencionado quanto tempo decorreu desde Sem até Abraão (Génesis 11:26, 30). Esse período provavelmente foi de algumas centenas de anos, mas não se sabe precisar exactamente de quantos anos se trata. Nas escavações em Ebla, no norte da Síria, foram descobertos textos que datam de aproximadamente 2.500 a.C. e textos da Suméria, a primeira cultura literária no antigo Oriente, que datam de 3.500 a.C. Estes textos falam de uma grande enchente muitas gerações antes daquela. Supõe-se que a data de nascimento de Abraão seja por volta de 2.150 a.C.
Génesis 11:26 - Neste versículo chegamos finalmente à descendência de Terá e ao nascimento de Abrão, Naor e Harã. Anos mais tarde, Abrão teria o seu nome modificado para Abraão (Génesis 17:5) e seria o pai de Isaque (Génesis 21:1-5) e o progenitor do povo hebreu, do qual seria suscitado o prometido Messias, Jesus.
Génesis 11:27 - O termo gerações é encontrado em dez significantes passagens em Génesis. Abrão, Naor e Harã, os três filhos de Terá, teriam o dever de continuar a sua descendência (Génesis 11:31). Harã gerou Ló. Abrão gerou Isaque, ao vir a figurar de forma proeminente em passagens futuras (Génesis 12:4-5; 13:1-13).
Génesis 11:28 - A precoce morte de Harã deixou ao seu filho o encargo de perpetuar o seu legado familiar. Por muitas gerações, estudiosos acreditaram que Ur dos caldeus fosse a famosa Ur, localizada próximo ao antigo desta no Golfo Pérsico, onde os rios Tigre e Eufrates se encontram. Recentemente, alguns estudiosos decifraram tábuas de Ebla que falam de uma Ur situada ao norte da Síria e sugerem que esta é a cidade onde viveu e morreu Harã.
Génesis 11:29 - O nome da esposa de Abrão, Sarai, significa princesa, o que pode remeter à origem nobre dela. Sara, como ela é mais tarde chamada por Deus, em Génesis 17:15, tem o mesmo significado. Já o significado do nome Milca [hebraico, Milkah], rainha, está relacionado ao verbo hebraico malak, cujo sentido é reinar. Milca era filha de Harã. Evidentemente Naor se casou com a sua sobrinha. Sarai era meia-irmã de Abrão, Milca mais tarde deu à luz Betuel, e este se tornou o pai de Rebeca, a noiva de Isaque (Génesis 24:14). Embora o pai e o irmão de Rebeca tivessem conhecimento sobre Yahweh, em Josué 24:2 é revelado que esta família outrora prestava cultos a outros deuses.
Génesis 11:30 - O triste facto de Sarai ser estéril frustrou-a, mas, por outro lado, mostrou-se uma oportunidade para Deus agir miraculosamente na vida dela.
Génesis 11:31-32 - A épica mudança de Abrão para Canaã inicia-se em Génesis 12, após este receber uma ordem do Senhor para deixar a sua terra e dirigir-se a uma outra, nova, que ainda lhe seria mostrada. Mas a viagem começou com Terá ou com Abrão? Aqui, parece que, por motivação própria, Terá decidiu mudar-se de Ur para Canaã. Ele começou a peregrinação com alguns membros da sua família. Entretanto, quando chegaram a Harã, Terá morreu. Este foi o primeiro passo da jornada de Abrão e Sarai rumo à Terra Prometida. Não devemos acusar Abrão de ter cometido pecado, como às se faz, por ele ter se mudado para Harã, quando Deus ordenou que ele fosse para Canaã, mas na verdade foi que ele desobedeceu a uma ordem divina. Abrão é apresentado como um dos grandes heróis da fé, e não como uma pessoa que obedeceu apenas parcialmente a Deus. O Senhor já estava a executar o Seu plano com a mudança da família de Abrão de Ur até Harã. Após a morte de Terá, Deus é ainda mais claro quanto à mudança de Abrão de Harã para Canaã (Génesis 12:1-4). E Abrão se torna o pai da fé, o pai de todos nós que cremos em Deus (Romanos 4:16).
A Torre de Babel - Línguas, Confusão e Inversão
A história da Torre de Babel, situada logo no início na pré-história, é um dos acontecimentos que mudaram a história da humanidade, que ilustra muito bem o que pode dar errado nas civilizações e nas sociedades.
A curta narrativa contada em apenas nove versículos é uma obra-prima compacta de literatura e virtuosidade filosófica. A primeira característica notável é a sua precisa descrição histórica. A torre, também chamada de zigurate, era o maior símbolo das cidades estados do vale do Tigre-Eufrates, na antiga Mesopotâmia, o berço da civilização. Foi neste local que os primeiros grupos humanos se fixaram, desenvolveram a agricultura e passaram a construir cidades.
E o Génesis chama a atenção para a habilidade que possuíam de fabricar materiais de construção, especialmente tijolos (não só tijolos, mas também a roda, o arco e o calendário). Os tijolos eram feitos de barro, cozidos ao sol ou queimados ao forno, "E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal" Génesis 11:3.
Este conhecimento tornou possível a construção de prédios em grande escala, ao atingir alturas jamais vistas até àquele momento. A partir daí que o zigurate começou a crescer em tamanho, com vários níveis de muitos andares e milhares de degraus para se chegar ao seu topo, e que possuía um significado religioso profundo.

A Torre de Babel foi o maior zigurate da história.
Essas torres, na sua essência (as ruínas de pelo menos trinta foram descobertas), configuravam-se em "montes santos" construídos pelo homem, onde o céu e a terra pareciam se encontrar.
"E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus" Génesis 11:4.
As inscrições encontradas nestas construções, que foram descodificadas por arqueólogos, referiam-se à idéia do seu topo "a atingir os céus". O maior deles, o grande zigurate de Babel do qual fala o Génesis, era um edifício de sete andares com 91,44 metros de altura, uma construção sem precedentes para a época.
A história da Torre de Babel não é apenas precisa em descrever os factos e o meio histórico-cultural em que se desenvolve a narrativa. Está replecta também de recursos literários, inversões e jogos de palavras no original hebraico. Isso porque a maioria das palavras em hebraico, podem ser quebradas e reduzidas à sua raiz, à matriz de cada palavra, composta de três consoantes, que contém a essência do significado daquela palavra.
Um exemplo que ilustra bem esta característica do hebraico escrito é o familiar ensinamento Talmúdico que nota a similaridade entre as palavras banayikh (seus filhos) e bonayikh (seus construtores), e sugere que Isaías 54:13 "E todos os teus filhos/construtores serão estudantes do Senhor; e a paz de teus filhos/construtores será abundante", o que indica que todos aqueles que estudam a palavra de Deus são chamados construtores da paz.
Ao voltar ao Génesis, um dos recursos literários mais notadamente conhecidos no texto, tem a ver com o jogo de inversão de palavras da raiz hebraica l-v-n, "tijolos", com n-v-l, "confusão", que são precisamente inversões uma da outra. Essa técnica literária está relacionada a uma mensagem moral e espiritual muito importante no Génesis. Neste caso, o jogo de palavras chama a atenção para o fenómeno da inversão de papéis entre o divino e o humano, uma certa tendência entre os descendentes de Adão. O resultado do comportamento humano resulta frequentemente no oposto do que foi intencionado.
Os construtores queriam concentrar a humanidade num só lugar "e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra" Génesis 11:4. O resultado foi que eles foram dispersos por todo o mundo. "Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e cessaram de edificar a cidade" Génesis 11:8. Eles queriam e fizeram um "nome" para eles mesmos, mas o nome Babel tornou-se o símbolo eterno de confusão.

A Confusão das Línguas Impediu a Construção da Torre de Babel.
A Confusão das Línguas
E eles estavam super orgulhosos da sua mais recente descoberta tecnológica, a capacidade de construir edifícios numa escala nunca vista até àquele ponto. Eles só não sabiam que o maior poder criativo de todos é a linguagem e não o conhecimento técnico.
Através da linguagem nós formamos as nossas ideias imaginativas, construímos possibilidades e convocamos outras pessoas para nos ajudar a torná-las em realidade. As palavras precedem o trabalho. Não foi um problema técnico que impossibilitou a continuação da construção da Torre de Babel, mas a inabilidade de se comunicar. Nesta narrativa, podemos encontrar algumas palavras que nos trazem ricos significados espirituais. A primeira está na frase que abre e fecha este episódio, kol ha-aretz, "toda a terra". "E era toda a terra de uma mesma língua e de uma mesma fala" Génesis 11:1.
A outra palavra é o vocábulo hebraico shamayim, "céus", o lugar que os construtores da Torre de Babel tentavam profanar. A temática do texto bíblico fica então bem clara, esta é uma história sobre céu e terra, o que faz com que retornemos a Génesis 1, onde vemos Deus a criar os céus (shamayim), e a terra (aretz).
A descrição da criação em Génesis 1 fala mais da bondade de Deus em criar um universo bom e cheio de ordem, do que sobre o seu poder. Os antigos pagãos orientais viam o mundo como um lugar cheio de perigos, maldades, ameaças, desastres, fomes e dilúvios. O universo que enxergavam, era o resultado de batalhas entre poderes cósmicos, personificados por conflitos entre os "deuses". Mas há uma outra palavra chave envolvida na criação, a sua raiz hebraica é b-d-l, "separar, dividir, distinguir", que aparece cinco vezes em Génesis 1, e que traz importantes verdades sobre a criação. A bondade da criação reside na ordem e na ordenação dos elementos, representados por fronteiras e separações. Deus separou diferentes domínios. No primeiro dia - luz e trevas; no segundo - águas acima da expansão e águas abaixo; no terceiro dia - dia e noite; no quarto dia - sol e lua; no quinto - pássaros e peixes; no sexto dia - animais e a espécie humana. Cada domínio foi preenchido com formas de vida apropriadas aos respectivos ambientes.
A visão que o Génesis passa é que ordem é sinónimo de bondade. O mal é desordem. A palavra het, "pecado", vem de um verbo que significa "errar o alvo". A palavra avera, "transgressão", significa "ultrapassar os limites e entrar num local proibido". Muitos dos hukkim, "estatutos", dos hebreus são sobre o ensinamento do respeito que devemos ter pela ordem natural estabelecida no universo.
A própria criação trouxe ordem ao caos em que os elementos estavam no princípio. O físico Gerald Schroeder, afirma que esta ordenação do universo está presente implicitamente nas palavras hebraicas erev (tarde) e boker (manhã). "E foi a tarde (erev) e a manhã (boker), o dia primeiro" Génesis 1:5. Erev em hebraico significa "uma mistura sem diferenciação de elementos". Boker vem de uma raiz que tem por significado "reflectir, contemplar, buscar esclarecer".

Os Homens Queriam Ser Divinos em Babel.
Ordem e Bondade
Um universo ordenado é um universo de paz, em que cada ser, seja ele humano ou inanimado, tem o seu lugar apropriado. Violência, injustiça e conflito são formas de desordem - fracassos em respeitar a integridade das diferentes formas de vida e de cada pessoa. No mundo mitológico, contra o qual as escrituras sempre protestaram, nenhum limite é respeitado. Lá, deuses e humanos se confundem. Há homens deuses e semi-deuses. E ainda há seres estranhos, híbridos, metade humanos e metade animais.
Esse era o estado em que estava o universo antes do dilúvio, quando "viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra" Génesis 6:12.
Estas quebras de barreiras e de domínios é que trazem o caos e a desordem. Deus criou os limites para trazer ordem e bondade, o homem frequentemente quebra estes limites, e com isso cria o caos, ao gerar resultados inevitavelmente destrutivos.
O limite mais fundamental que Deus criou foi a diferenciação entre o céu e a terra. Deus não pode ser representado por nada do que há na terra. "Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens" Salmos 115:16. Esta divisão ontológica é fundamental: Deus é Deus, homem é homem. Ninguém pode cruzar esta fronteira.
Este foi o maior pecado dos construtores da Torre de Babel. A suas aspiração em "atingir os céus" era risível, e o Génesis com os seus jogos de palavras e inversões, faz piada deles. Uma construção com 91,44 metros e eles pensavam que tinham chegado "aos céus". Era realmente risível a pretensão que eles tinham em se tornar seres divinos.
Intoxicados pela sua proeza tecnológica, acreditavam que eles tinham se tornado "deuses" e poderiam construir o seu próprio mini-universo. E ao não se contentarem em dominar a terra apenas, agora partem para invadir o domínio divino. Este é um erro que muitas civilizações cometeram e o resultado foi catastrófico. O espírito de Babel esteve presente e ainda está, em muitas acções humanas na história.
Um exemplo recente que temos, é o deixado pelos nazistas, que se intitulavam "raça pura, ariana, divina", e vejamos todos os crimes que cometeram à custa disso. Quando os seres humanos tentam ser mais do que humanos, eles rapidamente se tornam desumanos. Graças a Deus, somente Ele é Deus, pois somente quando aceitamos que Ele é Deus, é que podemos ser totalmente o que somos, humanos, e exercer toda a nossa humanidade.
E assim mantemos a distinção do céu e da terra, ao organizar a terra sempre debaixo da consciente soberania dos céus. Somente quando respeitamos os limites da criação é que impedimos os seres humanos de destruírem-se mutuamente, na ânsia utópica de serem reconhecidos como seres mais "altos", "divinos", de "raça superior". O mundo que Deus criou é um mundo de limites, e o ser humano tem limites e tem que respeitar a ordenação dada à criação.