Génesis Capítulo 8

Estudo sobre Génesis 8

INTRODUÇÃO

Noé e a sua família devem ter imaginado se eles sairiam novamente da Arca. Entretanto, no tempo de Deus, o julgamento se completou e a terra voltou a ficar seca. Este foi um novo começo para a raça humana. Infelizmente, o carácter do homem não melhorou. Todavia, Deus deu novas manifestações da Sua graça e longanimidade.


1. LEMBROU-SE DEUS - GÉNESIS 8:1-3.

Enquanto os dias se seguiam, provavelmente Noé sentiu-se esquecido. Esta é uma doença comum entre os servos de Deus. A frase "lembrou-se Deus", no hebraico, significa que Deus começou a agir em seu favor. Deus nunca se esquece do Seu povo [Isaías 49:15], como também na ocasião apropriada, Ele se levanta para socorrê-los. Neste caso, Deus se lembrou dos tripulantes da Arca, ao secar a terra para que eles a habitassem. A questão do que aconteceu com toda essa água, não pode ser afirmada. Nós não sabemos que mudanças ocorreram nas massas terrestres ou nas bacias oceânicas, nem qual a quantidade de água que retornou para debaixo da superfície da terra. Mas para nós é suficientemente saber que Deus cuidou de tudo isso. A Bíblia fala do vento que passou sobre a terra e ajudou no processo de secá-la.


2. A ARCA REPOUSA - GÉNESIS 8:4-5.

Parece que Deus nunca está com pressa. As suas obras exigem a nossa paciência. Ao invés de secar a terra num só dia, Deus permitiu que as coisas ocorressem por etapas. Seis meses após o início do dilúvio, eles finalmente vieram a repousar em algum lugar nas montanhas do Ararate. Lentamente as águas recuaram, e após três meses, a primeira porção de terra foi avistada.


3. O CORVO - GÉNESIS 8:6-7.

Aproximadamente depois de dez meses, Noé abriu a janela e soltou um corvo. Provavelmente ele queria saber quais eram as condições da Terra. O corvo, como um pássaro considerado cerimonialmente imundo [Levítico 11:5], é frequentemente visto aqui como um tipo de apóstata. Ele estava feliz por escapar da Arca, e ficaria contente com qualquer tipo de poleiro que pudesse encontrar. Isto nos faz lembrar dos Cristãos professos, que nunca nasceram de novo, e por fim terminam por voltar para o pecado e para o mundanismo [2 Pedro 2:20-22].


4. A POMBA - GÉNESIS 8:8-12.

Noé agora continua o seu teste ao utilizar uma gentil e amável pomba. A pomba é um tipo do Espírito Santo [Mateus 3:16]. Este tipo é normalmente aplicado da seguinte maneira:

A. A pomba, diferente do corvo, não ficaria contente com qualquer poleiro sujo, nem mesmo pousaria em algum corpo morto e inchado. Da mesma maneira, o Espírito Santo é ofendido pelo pecado e pela impureza [Efésios 4:30].

B. Ao retornar com uma folha de oliveira, a pomba estava a trazer para Noé a esperança e a segurança de que o dilúvio havia terminado. Da mesma forma, o Espírito Santo traz alegria e segurança aos corações dos Cristãos [Romanos 5:5; 8:16]. É interessante notar que a oliveira tem sido observada ao brotar, mesmo quando ela está submersa num lago inundado.


5. A TERRA SECA - GÉNESIS 8:13-14.

Noé e a sua família permaneceram na Arca durante mais de um ano, até que a Terra finalmente ficou seca. (Vamos comparar Génesis 8:13-14 com Génesis 7:1-4, 11). Sem dúvida, Deus os manteve confinados para o próprio bem deles. Era necessário aguardar um tempo até que as plantas crescessem para alimentar os animais. Além do mais, a lama seria perigosa, e até mesmo um risco para a saúde da maioria dos tripulantes da Arca. Nas nossas frustrações, vamos lembrar que Deus sempre faz o que é melhor para nós.


6. AO SAIR DA ARCA - GÉNESIS 8:15-19.

Finalmente chegou o dia quando eles puderam sair da Arca. Houve muita alegria e alívio. Duas coisas são dignas de nota:

A. Antes que Deus os tirasse da Arca, disse: "Sai da Arca" ao invés de "venha para fora". Ele estava presente na Arca o tempo todo, desde a partida [Génesis 7:1] até a chegada deles [Romanos 8:35].

B. Todos os que estavam na Arca saíram a salvo. Isto nos faz lembrar da segurança que temos em Cristo. Ninguém que estava na Arca pereceu sob a ira de Deus [João 5:24]. Eles estavam selados e seguros dentro da Arca [Efésios 4:30; Génesis 7:16]. Ninguém caiu, pulou e morreu afogado, e nem foi forçado a sair [João 10:27-28].


7. A PROMESSA DE DEUS - GÉNESIS 8:20-22.

Agora podemos entender o propósito para os sete animais limpos. Estes animais, que não tinham parceiros, foram conservados para serem oferecidos como sacrifício a Deus. Note-se os resultados destas ofertas:

A. Estes sacrifícios foram de cheiro suave ao Senhor. Na Sua ira, Deus destruiu a Terra. As ofertas lembravam a Ele a futura morte de Cristo, pela qual, a misericórdia seria demonstrada aos pecadores [Efésios 5:2]. Deus lembrou-se do propósito da graça, e das multidões que o glorificariam para sempre. (Vamos lembrar, que estamos a usar uma forma de linguagem a respeito de Deus que nós podemos entender. Nós frequentemente descrevemos Deus como se Ele fosse homem, como por exemplo, o uso da expressão "lembrou-se Deus". Entretanto, isto não deve ser tomado no sentido literal).

B. Deus determinou que "não haverá mais dilúvio para destruir a terra" [Génesis 9:11]. Note-se que Ele não disse isso por causa dos sacrifícios. De facto, Génesis 8:21 revela que Deus reconheceu que a natureza depravada do homem não pode ser corrigida pelo julgamento. O coração do homem é o mesmo em todas as épocas, pois vemos que a Torre de Babel foi construída antes da morte de Sem. Somente a salvação em Cristo pode mudar a natureza do homem. A promessa de Deus foi baseada somente na Sua longanimidade através de Cristo. Porque Ele tem um povo eleito e remido pelo sangue de Cristo, permite que o mundo continue a existir, enquanto o propósito da graça é realizado.

C. Note-se por último que, um dia, este mundo será destruído pelo fogo. Até que isso ocorra, não haverá nenhum julgamento universal [2 Pedro 3:5-12].

Génesis 8

Diminuem as águas do dilúvio:

- Deus atentou-se para Noé e cessou as chuvas, e fez passar um vento que aquietou as águas.

  • A aliança com Noé não foi esquecida, e Deus honrou a Sua Palavra.

  • O termo original referente ao vento é o mesmo usado para "Espírito", o que pode indicar que a cessação do dilúvio ocorreu pela acção directa e activa do Espírito Santo.

- A arca repousou sobre os montes de Ararate no dia 17 do 7º mês do ano.

  • Depois de 5 meses sobre as águas a arca "ancorou" nas mais altas montanhas da região hoje conhecida como Turquia, próxima ao Irão.

- No 1º dia do 10º mês do ano começaram a aparecer os cumes dos montes.

  • Ou seja, depois de 8 meses que as chuvas haviam se iniciado.


Noé solta um corvo e depois uma pomba:

- Depois de 40 dias, Noé soltou um corvo que ia e voltava, até que a terra secou.

  • O corvo deixou de retornar quando as águas secaram, pois podia se alimentar dos restos mortais encontrados, ao não necessitar mais do auxílio de Noé. Isso serviu de sinal para saberem que a Terra estava de facto seca.

- Depois soltou uma pomba para ver se as águas já tinham ido da face da Terra, mas a pomba voltou à arca pois ainda havia água, e ela não teve onde pousar.

  • Diferentemente do corvo que foi observado quanto ao hábito alimentar, a pomba foi observada quanto às circunstâncias que permitiam o seu pouso. Isso nos mostra que Noé provavelmente possuía um grande conhecimento sobre a natureza (ou ao menos sobre esses animais).

- 7 dias depois Noé tornou a enviá-la, e ela voltou com uma folha de figueira no bico, e ele soube que as águas tinham cessado da face da Terra.

  • Quando a pomba retornou com alimento Noé entendeu que a vegetação já estava a desenvolver-se novamente.

- 7 dias depois Noé a mandou outra vez, mas ela não retornou mais.


Noé e a sua família saem da arca:

- No 1º dia do 1º mês dos 601 anos de vida de Noé, ele tirou a cobertura da arca e viu que a face da Terra estava enxuta. No dia 27 do 2º mês, a Terra estava totalmente seca. Deus então mandou que Noé saísse da arca juntamente com a sua família e todos os animais.

  • Aqui há uma distinção entre a percepção visual de Noé e a realidade da condição da Terra. Deus somente lhe deu ordem para que saíssem da arca quase 2 meses depois. Talvez por questão de plena segurança.

  • Desde o início do dilúvio até à saída de todos os navegantes da arca se passou quase 1 ano inteiro.

- Deus mandou que eles e todos os animais se multiplicassem sobre a Terra e a povoassem. Então todos saíram da arca.

  • A Terra deveria ser repovoada, tanto pelos humanos como pelos animais, ao caber a eles se multiplicarem para garantirem os seus domínios.


Noé levanta um altar

- Noé edificou um altar a Deus e pegou de todo o animal e ave limpos e ofereceu holocausto sobre o altar.

  • Sem qualquer prescrição registada anteriormente (mas provavelmente recebida directamente de Deus por meio de revelação), Noé ofereceu um sacrifício a Deus - uma prática que somente seria exigida posteriormente com a Lei dada a Moisés para remissão de pecados do povo, e executada tão somente pelos sacerdotes ungidos por Deus.

- Deus sentiu o cheiro suave e no Seu coração disse que não amaldiçoaria a Terra por causa do homem e nem destruiria os seres viventes como fez, porque a imaginação do coração do homem é má desde que ele é pequeno.

  • A oferta de Noé foi agradável a Deus, que sonda os corações.

  • Apesar de haver apenas 8 humanos na Terra, Deus revelou que a depravação humana não foi extinta. O que deixa claro que a natureza pecaminosa ainda persistia mesmo entre aqueles que foram salvos através da arca.

  • Pode-se dizer que através de Noé foram abençoadas todas as famílias da Terra, afinal, o Juízo de Deus mediante o dilúvio destruidor nunca mais ocorrerá, pela Sua Graça.

- Deus também disse que enquanto a Terra durasse, haveria tempo de semear e de colher, frio e calor, Verão e Inverno, dia e noite. Isso não se cessaria.

  • Ao mencionar uma duração para a Terra, Deus antecipou que haveria um fim para ela, porém até esse fim o nosso mundo passaria por ciclos contínuos, o que muitos chamam de "leis naturais".

Noé solta um corvo e depois uma pomba

Génesis 8:6-12

Nesta passagem encontramos dois episódios idênticos: O soltar de duas aves, um corvo e uma pomba. Ficamos a imaginar o que fez Noé soltar estas aves? Vamos aprender um pouco com elas:

Oportunidades iguais: As duas aves, depois de passarem vários dias na arca, tiveram a mesma oportunidade de liberdade. Puderam sair da pressão de um lugar fechados sem movimento para viver da maneira que quisessem.

Alimentos: O corvo se contentava com as carniças, ao voar até mais longe que a pomba, mas a viver de carniça; a pomba procurou solidez onde pousar os seus pés, ao não se contentar com as carniças a boiar sobre as águas.

Posicionamento: O corvo vivia na instabilidade em ir e vir ao voltar tão somente por interesse em descansar da sua aventura em busca da carne; a pomba retornou para o seu lugar de origem e ali ficou, pois sabia no que podia contar.

Atitudes: O corvo não respeita o seu dono nas suas constantes aventuras. A pomba respondeu com prontidão ao chamado do seu dono.

Talvez nos perguntemos "existem estas diferenças entre o corvo e a pomba, mas no final do dilúvio, os dois viveram livremente". Isso é verdade, mas o corvo é considerado um animal impuro; já a pomba representa pureza. E o que preferimos ser? Um corvo ou uma pomba? Ao depender do modo como vivemos diante da direcção de Deus, os frutos falarão por nós! Se na nossa vida, ou em alguma área da nossa vida, existe impureza, existe imundícia, estas são atribuições de um corvo. Mas Deus, por meio de Jesus pode transformá-las, e trazer sobre a nossa vida a pureza, a aceitação de Deus, ao bastar tão somente que entreguemos a nossa vida a Jesus para ser Ele transformada. Será que o aceitamos? Se a nossa resposta for sim. É só deixar que Jesus entre como Senhor e Salvador na nossa vida.  

Você é como o Corvo ou a Pomba?

Génesis 8:6-12

- Introdução: A santificação para a vida de um cristão é mais que uma opção e sim uma necessidade. Muitas igrejas pregam santidade de maneira céptica que leva os fiéis a tornarem-se fariseus e não santos. Por outro lado cresce o número de evangélicos nominais, sem nenhum tipo de vínculo ou compromisso com a Igreja. Deus enviou um dilúvio para santificar, ou seja, limpar a Terra do pecado. Quando Noé quis saber se a Terra já estava limpa, enviou primeiro um corvo e depois uma pomba. A principal diferença entre eles é que o corvo se alimentava dos restos mortais do dilúvio e a pomba voltava para a arca até trazer sinal de vida.


Queremos ser como a pomba ou o corvo?

Vamos reflectir no exemplo simbólico do corvo e da pomba para meditar sobre santificação:

1- O Corvo: Génesis 8:7 "soltou um corvo, o qual, tendo saído, ia e voltava, até que se secaram as águas de sobre a terra"

O que chama atenção no comportamento do corvo é que ao ser solto da arca, ele voltava 'até que as águas secaram'. Ou seja, apenas aproveitava o abrigo oferecido pela arca temporariamente, mas não voltou quando as águas abaixaram. Além disso, o corvo, como uma ave de rapina, alimentava-se de toda a podridão dos animais que morreram no dilúvio.

Apesar da péssima comparação, o corvo representa pessoas que até vão à Igreja, mas vão e voltam sem compromisso. Estas pessoas alimentam-se de qualquer coisa. A sua vida espiritual é como o corvo que come restos e não percebe a consequência do pecado que é a morte (Romanos 6:23). Muitos pastores, líderes espirituais preocupam-se com as suas ovelhas. Sentem-se inseguros em soltá-los por medo de não voltarem mais ou então ao ficarem a ir e a vir ao alimentarem-se de qualquer coisa. Os pais também temem soltar os filhos por medo das influências que possam receber ao correr o risco de perdê-los.

Do que nos estamos a alimentar? Será que estamos firmes na casa de Deus?

Não devemos ser como o corvo que come qualquer coisa e não volta para a presença de Deus!


2- A Pomba: Génesis 8:9-11 "a pomba, não achando onde pousar o pé, tornou a ele para a arca; porque as águas cobriam ainda a terra... ela voltou a ele; trazia no bico uma folha nova de oliveira; assim entendeu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra".

Quando Noé soltava a pomba, ela sempre voltava até um dia que trouxe uma folha nova de oliveira para mostrar que já havia vida na Terra. A pomba é um animal limpo para a cultura bíblica. O comportamento que vemos hoje dos pombos nas grandes cidades é fruto do desflorestamento e desordem da natureza.

A pomba representa a vida de santidade. Quando o Espírito Santo se manifestou visivelmente sobre Jesus foi "em forma corpórea como pomba" (Lucas 3:22). O cristão cheio do Espírito Santo tem compromisso com a Igreja, é constante na presença de Deus. Além disso, sempre volta ao trazer sinal de vida.

A folha nova de oliveira mostra que já havia azeitonas. Isso revela três características do Espírito Santo:

- FRUTOS de uma vida de testemunho (Gálatas 5:22-23);

- AZEITE da unção e poder de Deus (Isaías 61:1);

- SINAIS ou milagres de Deus na sua vida (Marcos 16:17).

O crente cheio do Espírito Santo produz frutos, sempre está cheio da unção e vê os sinais de Deus na sua vida. O pastor não se preocupa com o crente que é assim porque sabe que sempre ele sai estará a produzir frutos, ao viver sob a unção de Deus e só traz testemunhos de milagres de Deus através da sua vida.

O que temos trazido para a nossa Igreja?

Devemos ser um canal de bênçãos para a vida da nossa Igreja!

Devemos ser como a pomba, não como o corvo!


- CONCLUSÃO: Génesis 8:12 "então, esperou ainda mais sete dias e soltou a pomba; ela, porém, já não tornou a ele".

Talvez nos perguntemos o porquê depois da pomba também ir e não mais voltou? Porque chegou o tempo de alcançar a sua liberdade. Assim também é a vida do cristão, quando é cheio do Espírito Santo, alcança liberdade espiritual e chega um momento em que é enviado por Deus e pela Igreja para fazer a Sua Obra. Com esta mensagem aprendemos que é necessário fugir de tudo o que é mau e buscar a presença do Senhor com perseverança. Precisamos ser mais espirituais do que carnais para viver uma vida agradável a Deus. Nunca devemos perder o vínculo com a Igreja do Senhor, porque em comunhão com os irmãos crescemos na fé.

Nós temos sido carnais como o corvo ou espiritual como a pomba?

Não devemos ser carnais, mas espirituais!

Génesis 8:1-12 Corvo ou pomba?

Introdução:

Numa das leituras da Bíblia ao ler novamente este texto de Génesis deparamos com a experiência de Noé ao precisar sair da arca e a enviar os pássaros. Uma coisa muito interessante vem à nossa mente: Por que Noé, depois de soltar o corvo, precisou soltar uma pomba? Cremos que, Noé, que já sabia bastante sobre os animais, homem de vida agro-pastoril, percebeu que não foi uma feliz idéia soltar o corvo. O corvo é um animal de rapina, alimenta-se de restos de alimentos, de coisas podres, de carcaças. Qualquer ambiente, com o mínimo de condições, digamos, ambiental, seria capaz de dar-lhe a sobrevivência.

A pomba é o oposto do corvo. É um animal limpo, alimenta-se de grãos, frutas e sementes. O texto diz "A pomba não achou onde repousar o pé" (Génesis 8:9). Não viu segurança e condições ideais em nenhum lugar por onde passou. O texto diz, porém, que o corvo "ia e voltava" (Génesis 8:7).


A figura da arca:

A arca é comparada na Bíblia a lugar de salvação, lugar da presença de Deus e da vida. A arca é um meio de salvação, assim como é lugar de salvação a Igreja onde Jesus nos tem colocado. A arca também é lugar de vida. Fora da arca só existe a morte, assim como fora da verdadeira igreja de Cristo só existe a morte. Embora não seja a igreja que salva, nunca vimos um homem cheio do Espírito que estivesse fora de uma comunidade onde os seus dons e o seu serviço pudessem ser colocados a serviço do Reino de Deus. A arca é comparada à Igreja. Pedro diz que ela é figura do "baptismo" (1 Pedro 3:21). Passagem para a vida!

Agora devemos ter em atenção: a arca nem sempre é o lugar mais cheiroso e agradável para se viver. Tinha animais de todas as espécies! Elefante, girafa, cabrito, porco (e espírito de porco!), tartaruga. Assim parece-se com a Igreja. Muitas vezes nos cansamos de Igreja, mas sabemos que o pior lugar do mundo é fora dela, porque lá fora ronda a morte. A Igreja é agência da pregação da salvação. Milhares de pessoas são salvas pelo facto de que a igreja existe. Por esta razão, o movimento de plantação de igrejas é tão urgente. A Igreja de Cristo é lugar da celebração do Nome de Deus, acolhimento aos que são salvos, espaço para a pregação do Evangelho. É a família de Deus. Ela é uma agência missionária a serviço do Reino de Deus. O seu propósito de existir é proclamar o nome de Jesus, e tornar conhecida entre as nações o seu nome. E Jesus disse que ela é tão importante que "as portas do inferno não prevaleceriam contra ela" (Mateus 16:18).

A Igreja é a única estrutura organizacional disposta por Deus para dinamitar as fortalezas do inferno. Nenhuma agência humana conspira de forma intencional contra o inferno e as suas estratégias que a igreja de Cristo. Ela é uma verdadeira conspiração contra as trevas.

Isto, contudo, não impede que a igreja tenha problemas. Já na Igreja primitiva vemos pessoas com profundos conflitos espirituais como Ananias e Safira. A Igreja subsistiu aos ataques do diabo e da sua própria infidelidade. A Igreja da Idade Média revela mais que nunca as fraquezas do povo de Deus, as suas contradições e incoerências, os seus pecados e fraquezas.

Ao parafrasear tudo isto, alguém disse certa vez que a Igreja é um hospital, mas que de vez em quando surge um enfermeiro louco a querer praticar a eutanásia. Contudo, é ainda, o único lugar de vida. É nela que encontramos homens e mulheres salvos pelo sangue do Cordeiro, revestidos do poder do Espírito Santo e que buscam formas cada vez mais intrépidas de proclamar o nome de Jesus.

O pombo e o corvo revelam facetas de carácter, falam da alma humana, são metáforas dos distintos habitantes da arca, falam de realidades que facilmente são identificadas na Igreja, onde há pombo e corvo...Assim como na arca. Como está a nossa vida?

O corvo ajusta-se a qualquer ambiente de podridão e carniça. Muitos saem da arca e vivem assim. O texto diz que o "corvo ia e voltava" (Génesis 8:7). O corvo, mesmo ao adaptar-se facilmente ao contexto de restos, não consegue viver totalmente lá: "vai e volta", tenta conviver com os dois ambientes, de vez em quando tem algumas crises aqui e acolá, volta, dá uma passeada na arca, revê os amigos que lá deixou, mas adapta-se facilmente, a qualquer contexto. Ele não tem a crise do pombo. O pombo vai, vê que o ambiente não é propício e volta. Noé percebe isto por isso manda a pomba!

O corvo satisfaz-se com coisas más, com os restos, com a carniça. A pomba, pelo contrário, sempre procura ambiente limpo. O corvo vai e volta, vai e volta. A pomba só fica quando a terra está firme (Génesis 8:12). Mesmo quando ela encontra broto de oliveira (sinal de vida), aquilo ainda não é suficiente para ela. Volta para a arca pois ainda não encontrou terra firme! Se as circunstâncias são dúbias, duvidosas, se o ambiente é movediço, arenoso, ela não fica. Precisa de ambiente limpo, foge da lama, do cheiro de morte. A pomba busca vida, não carniça. Devemos suspeitar da sua natureza pecaminosa, ela pode nos conduzir à morte - Noé percebe que o corvo não pode ser a sua referência.

A pomba é a referência de saúde, de vida. Oposto a isto, existem pessoas que vivem na arca, mas são capazes de enganar quem pensa que pode sair com ele. A pomba é um animal limpo. Só fica se o ambiente estiver bom. O corvo não se importa tanto - está tudo bem! Ajusta-se facilmente, relativiza tudo. São pessoas que se adaptam de acordo com o ambiente, por isso se enlameiam com facilidade, tem a ver com a sua natureza pecaminosa. O seu carácter, o seu instinto. O seu modo de ser é assim, tem a ver com a natureza pecaminosa. Na verdade, mesmo quando voa, quando dá voos ornamentais e está nas nuvens, tem o seu faro, o seu olfacto, os seus olhos e a sua atenção voltados para coisas podres. Os olhos fitos em cadáveres. Fareja e ajunta-se aos cadáveres. O corvo vive assim!


Aplicação

Vemos pessoas assim: adaptam-se facilmente. O ambiente pode ser pesado, a situação é constrangedora, mas facilmente se ajeitam no meio de lama. Jovens que se adaptam em ambientes podres! Por outro lado, vemos pessoas que até tentam, mas dizem: pastor, aqui não é o meu lugar. Fui e não gostei. Fui mas não achei firmeza! Retornam logo, vêem que não dá para ficar. Uma questão de carácter, de natureza. No entanto, existem outros que piam como corvos, andam como corvos, alimentam-se das comidas dos corvos.

Uma ilustração pode explicar isto. Conta-se que certo dia, depois de uma grande chuvada, o rio estava cheio e o escorpião queria atravessar o rio mas sabia que seria impossível. O sapo, que era seu velho conhecido, porém estava ali por perto, e era exímio nadador. Então o escorpião pediu-lhe que lhe desse uma boleia e o levasse para o outro lado. O sapo reagiu ao dizer que não, afinal, conhecia a natureza agressiva do escorpião e não queria morrer riscos. O escorpião, com o seu jeito malandro, porém, o convenceu. E quando estavam no meio do rio, o escorpião olhou para as costas do sapo, e não resistiu ao dar-lhe uma ferroada. O sapo, amortecido pelo veneno, começou a afundar, mas ainda disse. "Agora vamos morrer os dois". E o escorpião, resignado afirmou já arrependido: "Eu sei, eu sei; mas não pude resistir, faz parte da minha natureza".


Conclusão:

1. Deus tem nos chamado para sermos pombas, não corvos - Deus nos deu uma nova natureza, nova genética. Ele mudou o nosso carácter. Paulo pergunta: "Como viveremos no pecado, nós os que para ele morremos?" "Irmãos, reparai na vossa vocação". Pedro afirma: "Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância" (1 Pedro 1:14). José, ao ser tentado. "Como poderia pecar contra o meu Senhor e meu Deus?"

A natureza determina conduta - "Questão de natureza". O corvo alimenta-se de coisas podres, é ave de rapina. A pomba, pelo contrário alimenta-se de grãos, de sementes, não sobrevive sobre carniças e carcaças. Não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores. Ficamos preocupados com ética, Deus se preocupa com algo bem mais profundo, a natureza pecaminosa, o carácter. O nosso problema não é assentimento intelectual, certamente concordamos com a mensagem do Evangelho, o nosso problema é que não temos força para fazer o que Deus deseja de nós, a menos que o seu Evangelho, em si mesmo, nos capacite.


2. Devemos tomar cuidado com a atitude do corvo - "ia e voltava" (Génesis 8:7). Esta instabilidade é destrutiva.

- Gordo que engorda e emagrece...efeito harmónica. Um pé no inferno e outro na igreja.

- Elias: "Até quando coxeareis entre dois pensamentos?" Indeciso, dividido, esquizofrenizado.

- Laodicéia: "Quisera fosses frio ou quente..."

- A Bíblia diz: "Fugi da impureza!" 1 Coríntios 6:19 e "fugi das paixões carnais...".

Somente a vida renovada, pode ser referência segura - Génesis 8:11 O grande sinal para Noé será um "broto" (renovo de vida), que a pomba traz no bico. Noé não se sente seguro apenas com as pistas que o corvo lhe dá. O facto dele voltar não significa que as coisas estão bem (infelizmente a sua natureza se adapta sobre a morte, sobre aquilo que é podre). O que ele sinaliza não é definitivo. Quais são as nossas referências? "As más conversações corrompem os bons costumes" (1 Coríntios 15:33).


3. Não nos devemos alimentar de podridão - O corvo estava feliz com a carcaça. Será que estamos felizes com o pecado? Uma vez, uma ovelha recém convertida, que um dia procurou o seu pastor para conversar sobre a sua situação. Ela estava a viver uma vida dupla, ao ir à igreja sem se afastar do mundo que lhe disse aos prantos: Não estou feliz! Cremos que é exactamente assim que uma pessoa que já teve a sua natureza transformada pelo Espírito de Deus deve viver. Ela não pode ficar contente com o pecado. As pessoas lavadas pelo sangue do Cordeiro, e cujo corpo é o templo do Espírito Santo, não conseguem conviver com a podridão. Uma vez, um antropólogo decidiu viver alguns dias como mendigo, e depois, ao relatar as suas impressões declarou que o maior problema encontrado nos primeiros dias não tinha sido a fome, nem o frio ou a violência, mas o cheiro. Ele tinha que passar muito tempo ao lado de um esgoto, mas com o passar do tempo, foi também se acostumando com a realidade.


4. Devemos esperar a terra ficar seca - Não sair sem segurança! Noé soltou a pomba 3 vezes. Só na terceira vez ela não volta a ele. Não devemos atropelar processos históricos da nossa vida. Quem tem pressa come cru. Não devemos antecipar o tempo de Deus. Não devemos buscar atalhos para a bênção, como fizeram Sara e Abraão ao resolver a questão da promessa de Deus que não se cumpria através da serva Hagar.

A Bíblia nos ensina que "para todo o propósito há tempo e modo". Nem o broto da oliveira, ou qualquer outro broto pode nos impedir de voltar para o local de segurança criado por Deus. Existem muitos que se perdem por causa de um pequeno broto que aparece na frente! É necessário encontrar alimento, segurança, lugar para acasalar, fazer ninho. Muitos se aventuram sem qualquer estrutura, e passam miséria e sofrimento desnecessário. Só devemos sair da arca com plena segurança, foi isto que fez a pomba (Génesis 8:12). Quando encontrou segurança e vida, saiu para não voltar. Nem mesmo um "broto" no nosso bico nos dá segurança para sair de forma definitiva. Quanto a Noé, só sairá de forma definitiva 7 dias depois, pois queria ter a certeza de que não ia cometer equívocos. Devemos suspeitar da nossa natureza pecaminosa, ela pode-nos conduzir à morte - Noé percebe que o corvo não pode ser a sua referência. O maior perigo é viver vida de corvo, assumir a sua natureza, criar penas, piar como corvo.


5. Nunca nos devemos esquecer: Sem a acção do Espírito Santo, a nossa natureza é de corvo. Pecado, nas Escrituras, não é algo acidental na nossa vida. Faz parte da nossa essência. Por isso precisamos estar sempre a apresentar a nossa vida a Deus e a pedir a sua misericórdia. Queremos fazer as coisas santas, mas sem a mudança da nossa natureza, sem regeneração, nada vai mudar. Vamos continuar a viver no nosso pecado. Por isto a Bíblia nos diz: "Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres". Precisamos de outra natureza. "Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus". Nós não precisamos de melhor ética, precisamos sim de outra natureza, que só Deus nos pode conceder. Então, devemos pedir a Deus que nos dê uma nova natureza, transformada. Um carácter parecido com o carácter do seu Filho. O homem entregue à sua natureza vai de mal a pior.

Noé e o corvo: uma lição importante

Quando lemos o livro de Génesis, logo no capítulo oito, temos um versículo interessante:

"E soltou um corvo, que saiu, indo e voltando, até que as águas se secaram de sobre a terra" (Génesis 8:7).

O mundo inteiro estava submerso em águas, que foi a forma de Deus castigar a humanidade de até então. Sobraram apenas uma família e os animais designados por Deus, protegidos dentro de uma arca. Quando as águas do dilúvio começaram a diminuir, o texto diz que Noé envia um corvo para verificar se sair da arca já era viável. Uma literatura judaica conjectura um diálogo curioso entre Noé e o corvo. O corvo expressa a sua indignação de ter sido escolhido para tal missão e Noé explica-lhe porque o escolheu: "Escolhi você porque os corvos não são aptos nem para comer e nem para o sacrifício".

O corvo é uma ave interessante. Há quem ainda confunda corvo e urubu, mas não são a mesma coisa. Urubus são aves que se alimentam apenas de carcaças, são grandes e nem um pouco predadores. Já os corvos se alimentam com grande variedade de alimentos, ao incluir as carcaças, não são tão grandes quanto os urubus, ao chegar ao máximo de 70 cm, e ao contrário dos urubus, não são animais "decompositores", e sim exímios predadores.

Os corvos possuem algumas características interessantes:

- São aves facilmente adaptáveis, adaptam-se bem desde as montanhas até aos vales.

- São aves muito alegres e brincalhonas.

- São muito empáticos (colocar-se na posição de outro, ao sentir o que ele sente. Assemelha-se à compaixão). Se um corvo presenciar a tristeza de outro, aproxima-se como se fosse para consolar.

- São muito inteligentes, ao ter a sua inteligência comparada à dos chimpanzés e dos golfinhos.

Depois de entender sobre esta ave que foi utilizada por Noé, não por coincidência, para saber se as águas do dilúvio já haviam evacuado. A referida literatura judaica continua a dizer que Deus, repreende Noé pelos seus comentários insultuosos para com o corvo. Deus alerta Noé de que um dia, se não fosse um corvo, o profeta de Deus passaria muita fome (1 Reis 17).

Corvo a trazer alimento para Elias


Mas o que exactamente esta literatura está a querer dizer?

Está a dizer que o corvo foi específico para levar alimento ao profeta Elias, porque o corvo é uma das três únicas criaturas que se dão bem com os da sua própria espécie. Os seres humanos entre outras criaturas vivem a competir com os da sua própria espécie, mas os corvos apresentam amor e preocupação uns pelos outros. O corvo, portanto, foi usado para ensinar Elias uma lição crítica.

Elias havia decretado a seca, segundo a sua própria palavra, durante uma época de idolatria e profanação sob o reinado de Acabe, um rei mau. Segundo os estudiosos, Elias fez isso por achar que a geração da época de Acabe, era uma geração sem valor, afinal, "todos" do seu tempo tinham adoptado a idolatria.

Os corvos fizeram Elias lembrar-se do erro de Noé em não lhes dar qualquer valor. E uma grande realidade é, que os corvos, diante de tantas características mencionadas acima, possuem uma qualidade cuja importância não pode ser ignorada: a unidade. Da mesma forma, a geração de Acabe, segundo o Talmude, trabalharam juntos em amor e harmonia. Embora isto, de forma alguma, justifique o seu culto pagão, Elias não podia fazer com as pessoas da época de Acabe, um mal na mesma proporção à idolatria.

Esta é a mensagem dos corvos "a trazer alimento para Elias": a unidade judaica sustentou a geração de Acabe. Esta é a mensagem mais adequada a Noé. Deus disse a Noé, que a ele recai a responsabilidade de começar o mundo de novo, mas que a amizade e a harmonia entre os povos devem ser prioridade. Mesmo que um corvo não seja ritualmente comestível e ritualmente adequado para o sacrifício, a sua bondade e compaixão para com os seus pares o torna inerentemente valioso.

Isto serve de lição para nós. Quando muitos não são valorizados pelos parâmetros egoístas e meramente formais, Deus tem visto o quanto estes rejeitados, ignorados e desprezados possuem o seu real valor. São estes os que fazem realmente a diferença. E se não fosse o corvo na vida de Noé; e se não fossem os corvos na vida de Elias; e se não fossemos nós? Devemos reflectir, e se não fossemos nós?

Em situações de crise, temos grande adaptação, porque aprendemos a não viver somente na bonança. Em situações angustiantes e de grande aflição, temos o poder de sorrir e brincar, pois confiamos inteiramente em Deus. Em situações na qual um irmão passa por grandes problemas e sofrimentos, não conseguimos deixá-lo sozinho, mas estamos sempre prontos a ajudar. Estes somos nós. Por isso, devemos pensar novamente, e se não fossemos nós na vida dos nossos filhos? E se não fossemos nós na vida do nosso irmão? Na vida do nosso pai ou da nossa mãe? E se não fossemos nós?! Por isso, mesmo que não nos valorizem, nós somos mais importantes do que pensamos. Mesmo que seja para espiar o baixar das águas, ou mesmo que seja para alimentar um profeta, a nossa vida é valiosa. Deus nos abençoe!

Graciosos detalhes da arca de Noé

A Bíblia diz-nos que aquela foi uma época de corrupção, onde os homens não ouviam e obedeciam a Deus, antes estavam sem lei nos seus corações, ao praticarem maldades. Apenas Noé e a sua família agradaram ao Senhor, pelo que foram salvos do dilúvio que haveria de vir. Por toda essa descrição, cremos que não precisaremos voltar no tempo ou considerar a narração de Génesis para conhecer "os dias de Noé". Eis-nos aqui hoje em dia a viver tempos difíceis e igualmente assombrosos em corrupção. Só não haverá mais dilúvios sobre a Terra, essa é uma promessa nascida da aliança entre Deus e Noé (Génesis 9:11-13). Mas o que nós diríamos se descobríssemos haver uma Arca e um Noé nos dias actuais, a convidar pessoas para serem salvas da destruição? Será que iríamos até lá ou ignoraríamos o convite? Nos dias de Noé, haviam multidões na Terra, apenas oito pessoas acreditaram na Salvação apregoada antes do dilúvio (1 Pedro 3:20). Este assunto pode não ser novidade, afinal até as crianças conhecem a história da arca. De Noé até aos nossos dias, de convite em convite, vamos molhar os pés na água a caminho da arca que nos espera. Ela ficou fabulosa, segura, perfeita, cem anos de trabalho com a madeira e outros instrumentos, foi preciso paciência, dedicação e fé. Os detalhes graciosos da arca feita por Noé dizem do amor de Deus para connosco: a janela no andar de cima, a porta única e o betume que revestiu a madeira da arca, por dentro e por fora, tudo é tão harmonioso!

"Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume. E desta maneira a farás: De trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinquenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura. Farás na arca uma janela, e de um côvado a acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-ás andares, baixo, segundo e terceiro" Génesis 6:14-16.


A Janela

A Arca tinha 438 metros de comprimento, 73 pés de largura e 44 pés de altura. Há estimativas de que o volume da arca tinha capacidade para abrigar cerca de 125 mil ovelhas de grande porte. Era um lugar espaçoso, onde toda a comunicação com o exterior acontecia via da janela do tamanho de um côvado, ou seja, do braço de um homem. Foi por essa janela que Noé soltou o corvo e a pomba para verificar se as águas haviam escoado completamente da superfície terrestre. Uma janela no alto da arca, ao abri-la podia ver-se o céu apenas, dia e noite. Mesmo quando ela permanecia fechada, de dentro da arca, tinha-se a certeza de que ela era um referencial sobre o tempo e a direcção. O braço de Noé na janela dava conta das condições climáticas, porém e devido às limitações, ele dependia do abrir da porta para sair, e esse acontecimento, dependia do certificado do tempo, vindo da janela.

"E aconteceu que ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela da arca que tinha feito. E soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de sobre a face da terra. A pomba, porém, não achou repouso para a planta do seu pé, e voltou a ele para a arca; porque as águas estavam sobre a face de toda a terra; e ele estendeu a sua mão, e tomou-a, e recolheu-a consigo na arca. E esperou ainda outros sete dias, e tornou a enviar a pomba fora da arca. E a pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico; e conheceu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra" Génesis 8:6-11.


A porta e a janela

"Então, depois que todos entraram na arca, o Senhor fechou a porta por fora" Génesis 7:16.

A arca estava sob os cuidados de Deus, Ele guardava a todos para que nada de mal lhes acontecesse durante a inundação. E se Deus fechou a porta por fora e os únicos sobreviventes estavam do lado de dentro, somente Ele poderia abrir! Aquilo que cabe ao homem agir, Deus dá liberdade para que faça. A Noé coube colocar o braço diversas vezes fora da janela para observar o tempo, coube olhar para o céu em oração, em gratidão, em louvor. Mas, somente Deus poderia abrir e fechar a Arca. Ele não disse a Noé: "Acabou o temporal, a terra está seca, podem sair. Não, Ele atribui a Noé e à sua família a acção de olhar constantemente pela janela e perceber o mundo através dela.

"Então falou Deus a Noé dizendo: Sai da arca, tu com tua mulher, e teus filhos e as mulheres de teus filhos. Todo o animal que está contigo, de toda a carne, de ave, e de gado, e de todo o réptil que se arrasta sobre a terra, traze fora contigo; e povoem abundantemente a terra e frutifiquem, e se multipliquem sobre a terra. Então saiu Noé, e seus filhos, e sua mulher, e as mulheres de seus filhos com ele" Génesis 8:15-18.

Por que Deus deixou que Noé colocasse o braço fora da janela a enviar corvos e pombas para ver o tempo se Ele poderia simplesmente dizer: "Não sai agora Noé, ainda tem água, fica quietinho, quanto tudo estiver seco, falo contigo, abro a porta?!" Ora, eis uma lição sobre não espiritualizar todos os factos da nossa vida. Deus nos deu liberdade para escolher, Ele nos concede uma vida quotidiana, temos nomes e sobrenomes, preferências, profissões, amigos. Ser um salvo, filho de Deus, não implica ter "poderes sobrenaturais", implica viver com Cristo, ao atravessar dilúvios, inclusive, mas ao não abandonar a fé, a visão do céu que chega pela janela. Aquilo que está ao nosso alcance fazer, devemos fazer. Não devemos esperar que Deus faça por nós o que Ele nos deu capacidade e direcção para fazer.


O betume

"Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra. Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume" Génesis 6:13-14.

Betumar no hebraico do Antigo Testamento significa "cobrir, proteger" é a mesma palavra utilizada quando se refere a "expiação, perdão, reconciliação" - "kaphar" (Êxodo 29:36). Assim, podemos comparar o acto de betumar a arca com o de expiar, proteger, cobrir. Na arca, Noé e a sua família estavam a receber tudo isso de Deus. Sobre essas coisas, também se fala de Jesus Cristo: "Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória" Efésios 1:13-14.

Uma arca betumada é como um homem selado com o Espírito Santo de Deus, protegido pelo sangue de Jesus Cristo.

"E a arca andava sobre as águas do dilúvio e as águas, não prevaleciam contra ela" Génesis 7:18.


Outras considerações:

Noé foi um mensageiro das Boas Novas do Reino de Deus para a sua época e também para gerações futuras. O seu nome significa "descanso" um nome dado por profecia dos seus pais: "Deu-lhe o nome de Noé e disse: "Ele nos aliviará do nosso trabalho e do sofrimento de nossas mãos, causados pela terra que o Senhor amaldiçoou" Génesis 5:29. Educado segundo os princípios de Deus com o objectivo de proporcionar descanso à família, cumpre a sua missão ao crescer em obediência e fé para com Deus. Noé trabalhou 100 anos na construção da arca e não é dito que tenha contratado muitos servos ou ficado aborrecido com Deus pela descrença das pessoas e demora da conclusão da obra. Porém, todos os méritos que porventura venham a ser dados a Noé, não provêm das suas obras, mas da fé num Deus que honra a Sua Palavra e o relacionamento para com os que Nele confiam. Os graciosos detalhes da arca, revelam a Sua soberania em relação ao tempo e aos acontecimentos do planeta, revelam ainda a necessidade humana de arrependimento e reconhecimento da insuficiência das obras para a salvação da vida.

A janela com abertura para o céu, na medida de um braço humano está a dizer que o Socorro é presente e real e temos que buscá-Lo constantemente. A janela é o homem limitado que batalha dia após dia para ser feliz, para repousar em lugares tranquilos. A porta, fechada por fora significa que somente Deus conhece o princípio e o fim de todas as coisas e com Ele está a Salvação, o perdão e a redenção. Mãos humanas são suficientes para construir riquezas e refúgios terrenos, mas insuficientes para mantê-los, insuficientes para salvar:

"E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; E direi a minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga. Mas Deus lhe disse: Louco! Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus" Lucas 12:18-21.

Assim como a Arca foi para Noé e a sua família, Jesus é para a humanidade, esse lugar de descanso e salvação. A única Porta de acesso ao céu e somente Deus tem a chave: "Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens" João 10:9.

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