Família
O Sacerdócio no Lar

A Bíblia ensina que Jesus Cristo nos comprou com o seu sangue para fazer de nós reis e sacerdotes (Apocalipse 5:9-10), o que nos faz compreender a visão do sacerdócio universal do crente. Diferente da idéia formada pela igreja em séculos anteriores, não temos duas categorias distintas na igreja: o clero e os leigos. Todos são sacerdotes e deveriam funcionar como tal. As Escrituras Sagradas ainda distinguem posições de governo dentro da Igreja Local, mas não limita o sacerdócio a uns poucos cristãos. Todo o crente deve funcionar no seu lugar no Corpo de Cristo, e todos têm a responsabilidade de ministrar ao Senhor, bem como aos homens, em nome Dele.
Esta visão tem sido resgatada nos nossos dias, e somos gratos a Deus por isso. Contudo, mesmo para aqueles cujo coração já se encontra aberto a esta verdade, ainda vemos muitos com uma dificuldade: a de não enxergarem o sacerdócio do lar como algo fundamental.
O SACERDÓCIO COMEÇA NO LAR
Antes de ser sacerdote na igreja, o homem tem que ser sacerdote na sua própria casa:
"É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher... e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como governará a Igreja de Deus?)" (1 Timóteo 3:2, 4 e 5).
Não é porque vai governar a igreja que o bispo ou pastor tem que ter um bom lar, mas justamente o contrário. O homem tem que ser o pastor do seu lar; isto é requisito não só para quem ingressa no ministério de tempo integral, mas é um exemplo de vida cristã. E se a pessoa não cumpre um requisito básico da vida cristã, então não tem autoridade para ser um ministro à frente da Igreja. Portanto, o mandamento de ser sacerdote no lar é para todo o cristão. E isto envolve uma excelente conduta familiar, que depois será cobrada do líder como exemplo para o restante do rebanho:
"Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísse presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados" (Tito 1:5-6).
O homem, além de ser fiel à sua esposa, deve conduzir os seus filhos no caminho do Senhor e numa vida de santidade, o que exigirá dele não só conselhos casuais, mas todo um acompanhamento, investimento e ministração na vida espiritual dos seus familiares. O posicionamento de um homem de Deus sempre deve envolver a sua casa. Este foi o exemplo dado por Josué:
"Mas se vos parece mal servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais, se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor" (Josué 24:15).
O texto acima reflecte a responsabilidade de Josué de não apenas buscar ao Senhor, mas servi-Lo com toda a sua família. Quando se trata de família, não existe a história de "cada um por si". Embora a responsabilidade de cada um diante de Deus seja individual, precisamos aprender a lutar pelos nossos familiares, especialmente aqueles que possuem a incumbência de exercer o sacerdócio do lar.
O plano de Deus não é apenas para o homem sozinho, mas para toda a sua família. Quando o Senhor decidiu julgar e destruir a humanidade nos dias de Noé, não proveu salvação para ele sozinho, mas para toda a sua família (Génesis 6:18). Vemos também que Deus prometeu a Abraão que nele seriam abençoadas todas as famílias da Terra (Génesis 12:3).
Ao tirar Ló de Sodoma, o anjo do Senhor fez com que ele saísse com toda a família (Génesis 19:12). No Novo Testamento encontramos um anjo a visitar Cornélio e a dizer que deveria chamar a Pedro, "o qual te dirá palavras mediante as quais será salvo, tu e toda a tua casa" (Actos 11:14).
E além de todas estas porções bíblicas, encontramos a clássica declaração do apóstolo Paulo ao carcereiro de Filipos:
"Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e toda a tua casa" (Actos 16:31).
Deus tem um plano para toda a família. Não quer dizer que porque um se converteu, todos irão converter-se por causa deste texto. Não se crê que ele seja uma promessa a todo o crente, mas sim que revele uma intenção de Deus quanto às famílias de uma forma geral. Vale lembrar que Paulo declarou isto ao carcereiro num momento em que este homem se ia matar. Paulo não podia vê-lo, pois além de estar dentro da sua cela, a Bíblia diz que eles estavam no escuro. O apóstolo Paulo teve uma revelação do Espírito Santo para uma pessoa específica, num momento específico. Não se pode dizer: - "Ei, Deus! Você prometeu que se eu cresse iria salvar toda a gente lá em casa!". Mas pode-se muito bem orar pelos nossos familiares ao crer que há um plano divino para a família. Cada familiar nosso tem o direito de escolha, se dirão sim ou não a Jesus Cristo, é responsabilidade pessoal de cada um deles. Mas devemos fazer de tudo para convencê-los, ensiná-los, cobri-los de oração intercessória e tudo o mais que for possível. No caso deste carcereiro filipense, o Senhor mostrou de antemão toda a família salva. Mas para cada um de nós, mesmo se não diga de antemão o que irá acontecer, Deus já revelou o seu plano na sua Palavra para toda a família. E o sacerdote do lar tem uma grande responsabilidade de afectar o destino dos nossos entes queridos.
O CABEÇA É O RESPONSÁVEL
Na condição de cabeça do lar, o homem é o responsável de quem Deus cobrará o exercício do sacerdócio. É óbvio que a mulher deve participar ao exercer o sacerdócio juntamente com o seu marido, mas a responsabilidade maior não está sobre os seus ombros. Muitos maridos se acomodam por ver a sua esposa a fazer bem o seu papel, mas não deveriam agir assim. Por melhor que seja a ajuda da mulher, o homem tem que fazer a sua parte. No caso da mulher cujo marido não é convertido, entendemos que ela deve assumir a posição de sacerdotisa sobre os filhos, porém não sobre o seu marido. Parece-nos ter sido exactamente o que aconteceu na casa de Timóteo, discípulo do apóstolo Paulo. A Bíblia menciona apenas a mãe dele como convertida:

"Chegou também a Derbe e a Listra. Havia ali um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia crente, mas de pai grego; dele davam bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio" (Actos 16:1-2).
E além da Bíblia nada falar sobre o pai de Timóteo a ser convertido, ainda mostra que a cadeia de ensino e discipulado foi transmitida por meio da avó e depois da mãe dele:
"Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria pela recordação de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti" (2 Timóteo 1:4-5).
Portanto, na falta do homem como sacerdote, ou na incapacidade dele de exercê-lo - por não ser convertido, por exemplo - a mãe assume este papel, porém sempre em relação aos filhos, nunca em relação ao marido:
"E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade sobre o marido" (1 Timóteo 2:12).
Os pais cristãos devem entender a sua responsabilidade de suprir não só as necessidades materiais e emocionais dos seus filhos, mas também as espirituais. A Palavra de Deus declara que "Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão" (Salmos 127:3).
Os filhos não nos pertencem, são propriedade de Deus. Ele apenas nos confiou os seus cuidados, e um dia teremos que responder perante Ele por isso. Daremos conta da forma como criamos os nossos filhos, e isto deve trazer temor ao nosso coração, especialmente no que diz respeito à formação espiritual deles. Não podemos brincar com isto! Deus está a chamar os pais a assumirem um compromisso maior com Ele de ministrar a vida espiritual dos seus filhos. É preciso ministrar-lhes o coração. Desde os dias da Velha Aliança o Senhor já esperava isto:
"Não te esqueças do dia em que estiveste perante o Senhor, teu Deus, em Horebe, quando o Senhor me disse: Reúne este povo, e os farei ouvir as minhas palavras, a fim de que aprenda a temer-me todos os dias que na terra viver e as ensinará aos seus filhos" (Deuteronómio 4:10).
No versículo anterior a este, Deus já havia dito: "...e as farás saber aos teus filhos e aos filhos de teus filhos" (Deuteronómio 4:9). Precisamos ministrar a Palavra de Deus aos nossos filhos! O nosso ensino - ou a falta dele - tem o poder de afectar o resto da vida dos nossos filhos; foi Deus mesmo quem declarou isto:
"Ensina a criança no caminho em que deve andar, a ainda quando for velho, não se desviará dele" (Provérbios 22:6).
Não se trata apenas de dar uma boa educação, mas sim a verdadeira educação. Ensinar-lhes a andar nas veredas da justiça, nos caminhos bíblicos. Isto também é um mandamento claro e expresso da Nova Aliança:
"E vós, pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor" (Efésios 6:4).
COBERTURA DE ORAÇÃO
Também vemos na Bíblia que o sacerdote do lar deve cobrir os seus com oração. As Palavras de Deus mostra-nos que Isaque orava a Deus para que abrisse a madre de Rebeca, sua mulher. E Deus ouviu as suas orações (Génesis 25:21). As Escrituras ainda falam-nos acerca de Jó, que periodicamente chamava os seus filhos para um culto e sacrificava ao Senhor em favor deles, com medo de terem pecado contra Deus (Jó 1:5).
O homem e a mulher de Deus precisam ter um coração e uma vida de oração voltados para cobrir e proteger a sua família. Vemos este exemplo na vida de Esdras:
"Então, apregoei ali um jejum junto ao Rio Aava, para nos humilharmos perante o nosso Deus, para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos filhos, e para tudo o que era nosso" (Esdras 8:21).
Em 1 Samuel 30 lemos acerca de Davi e os seus homens a saírem para a batalha e a deixar as suas mulheres e crianças desprotegidas em Ziclague. Enquanto eles estavam fora, os amalequitas incendiaram a cidade e levaram as suas mulheres e filhos em cativeiro. Três dias depois, eles chegaram e desesperaram-se pelo ocorrido. Finalmente, fortaleceram-se no Senhor e foram atrás dos seus, ao conseguirem resgatá-los. Aprendemos duas lições aqui. Primeiro que precisamos proteger os nossos familiares, ao cobri-los em oração e não ao permanecer distantes deles. Segundo, que algumas vezes nos tornamos descuidados, e o inimigo pode aproveitar-se do nosso descuido. Mas também aprendemos junto que Deus é fiel, e mesmo quando falhamos, a sua misericórdia ainda pode ajudar-nos a consertar aquilo em que erramos. O Sacerdócio envolve protecção. Deus mostrou-nos isto na sua Palavra desde o início, com o que ordenou a Adão, no Jardim do Éden:
"Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e guardar" (Génesis 2:15).
Note-se que além de cultivar o jardim, o homem deveria também guardá-lo, protegê-lo. Mas guardar de quem, se nem mesmo Eva ainda havia sido criada? Pensa-se que Deus já estava a indicar a Adão que Satanás, o inimigo das nossas almas, tentaria destruir o que o Senhor estava a colocar nas mãos do homem. Se Adão tivesse protegido a Eva, em vigilância, bem como ao ministrar-lhe sobre a importância da obediência ao Senhor, provavelmente aquilo não teria acontecido. Também nós precisamos guardar e proteger as nossas famílias, e isto envolve oração e vigilância, bem como a ministração da Palavra de Deus nos nossos lares. Muitas pessoas falam da forma maravilhosa como Deus visitou a casa de Cornélio (Actos 10) com salvação e enchimento do Espírito Santo. Mas isto não aconteceu de graça. Este homem orava continuamente a Deus. E onde há uma semeadura de oração, sempre haverá uma colheita da manifestação do poder de Deus! Se cobrirmos a nossa casa de oração, veremos feitos grandiosos a acontecer em nosso favor, pois o Senhor SEMPRE age num ambiente de muitas orações.
JUNTOS EM ORAÇÃO
Pensa-se que além de cobrir os familiares com oração, o sacerdote do lar deve proporcionar um ambiente de oração onde os seus não só recebam oração em seu favor, mas também aprendam a orar. Orar juntos, em família, como muitas vezes acontecia também com os irmãos da igreja no seu início:
"Passados aqueles dias, tendo-nos retirado, prosseguimos viagem, acompanhados por todos, cada um com sua mulher e filhos, até fora da cidade; ajoelhados na praia, oramos" (Actos 21:5).
Exercer o sacerdócio não é só declarar a Palavra de Deus dentro de casa, mas primeiramente vivê-la. Porém, além de se dispor a ministrar os filhos, e também um ao outro, o casal cristão deve aprender a prática de orarem juntos. Não queremos dizer orar juntos o tempo todo, mas isto deve também acontecer nas suas vidas. Quando o casal ora junto, goza de princípios ao operar em seu favor do que ao orar sozinho não experimentariam.
"Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles" (Mateus 18:19-20).
Ao orarem juntos, o casal aumenta o seu "poder de fogo" contra o inimigo, pois no reino de Deus, quando dois se unem, o efeito não é de soma, mas de multiplicação. É sinérgico! Moisés cantou acerca deste princípio ao mencionar o que Deus fizera acerca do exército de Israel:
"Como poderia um só perseguir mil, e dois fazer fugir dez mil, se a sua Rocha lhos não vendera, e o Senhor não lhos entregara?" (Deuteronómio 32:30).
A Bíblia mostra que deve haver sintonia natural e espiritual entre o casal. Desentendimentos vão roubar deles o poder de unidade nas orações, que por sua vez serão impedidas:
"Igualmente vós, maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que não sejam impedidas as vossas orações" (1 Pedro 3:7).
A "correria" é um dos maiores inimigos deste tempo de oração que o casal deve ter junto. E cada um deve aprender a "driblar" as suas dificuldades e conseguir praticar este princípio de alguma forma. Não deve haver vergonha ou críticas quanto à forma de cada um orar. A intimidade no que diz respeito à vida espiritual precisa ser desenvolvida da mesma forma que a física e emocional.
O CULTO DOMÉSTICO
Exercer o sacerdócio no lar não requer um horário específico ou dia marcado, é actividade a ser exercida sempre, em diferentes situações. Mas a prática de um culto em família auxilia muito. Devemos desenvolver o hábito de cultuar a Deus em família, o que envolve o ir juntos à Casa do Senhor, como vemos a acontecer desde os dias do Velho Testamento:
"Todo o Judá estava em pé diante do Senhor, como também as suas crianças, as suas mulheres e os seus filhos" (2 Crónicas 20:13).
"No mesmo dia, ofereceram grandes sacrifícios e se alegraram; pois Deus os alegrara com grande alegria; também as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe" (Neemias 12:43).
Elcana subia com toda a sua família para adorar ao Senhor (1 Samuel 1:1-5). Acreditamos que pais cristãos devem levar os seus filhos à igreja. Mesmo que ela não seja perfeita (e não é, porque não existe igreja perfeita!), é melhor que eles cresçam num ambiente que exalta ao Senhor e a sua Palavra do que num ambiente mundano que exalta o pecado e os prazeres da carne. Lemos no Evangelho de Lucas que os pais de Jesus o levaram ao templo para consagrarem-no ao Senhor (Lucas 2:22-24), depois há registos de que o fizeram por ocasião da Festa da Páscoa quando ele estava com 12 anos (Lucas 2:41-43), mas a maior evidência de que Jesus cresceu exposto ao ensino da Lei na Sinagoga era o conhecimento que ele trazia (como homem) das Escrituras. Cultuar ao Senhor em família não envolve somente o ir à igreja, mas também pode abranger um culto familiar na própria casa. Foi exactamente isto que aconteceu na casa de Cornélio (Actos 10:33). A reunião familiar também não precisa acontecer apenas dentro de casa. Além dos cultos na igreja, podemos reunir-nos em algum outro lugar (e até mesmo com outras famílias) para buscar ao Senhor (Actos 21:5).
A NEGLIGÊNCIA TRARÁ CONSEQUÊNCIAS
Quais as consequências de se negligenciar o sacerdócio em casa? Juízo divino para o sacerdote, além da evidente rebeldia na vida dos filhos. A primeira palavra profética que Samuel proferiu foi contra alguém que ele certamente amava: o sacerdote Eli, que o criava no templo. E o que Deus disse envolvia a casa dele e a sua negligência no sacerdócio familiar:
"Naquele dia, suscitarei contra Eli tudo quanto tenho falado com respeito à sua casa; começarei e o cumprirei. Porque já lhe disse que julgarei sua casa para sempre, pela iniquidade que ele bem conhecia, porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele não os repreendeu" (1 Samuel 3:13).
O Senhor trouxe advertências anteriores, mas Eli não deu ouvidos. Deus está a falar de negligência, aqui. Diz que embora conhecesse bem o pecado dos filhos, Eli não os repreendeu. Toda a omissão no sacerdócio do lar sempre trará consequências sérias. Davi teve problemas com vários dos seus filhos, e se estudarmos com calma a história dele, perceberemos o quanto ele era negligente em relação aos seus filhos. Adonias, assim como Absalão, se exaltou, ao querer usurpar o trono. Mas por trás desta atitude de rebelião, a Bíblia mostra a negligência de Davi como sacerdote na sua casa:
"Jamais seu pai o contrariou, dizendo: Por que procedes assim?" (1 Reis 1:6).
Se não queremos sérios problemas futuros com os nossos filhos, muito menos a qualidade do relacionamento deles com Deus comprometidos, então precisamos ser sacerdotes dedicados em ministrar e cobrir as suas vidas. Que o Senhor nos ajude a ordenar os nossos passos nesta área!
Ao ver O Casamento Pelos Olhos de Deus
"Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade..." (Malaquias 2:14). "Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mateus 19:6). "Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento...para que não se interrompam as vossas orações" (1 Pedro 3:7).
O casamento não é invenção humana que pode ser definida e destruída conforme os caprichos egoístas dos homens. O casamento foi criado por Deus. Ele é testemunha dos nossos votos e está preparado para julgar a nossa desobediência. Desrespeito pelos compromissos do casamento destrói a nossa comunhão com o nosso Criador. É imprescindível que aprendamos a ver o casamento como Deus o vê.
"Cada um tenha a sua própria esposa"
Em 1 Coríntios 7:2, Paulo repete o princípio que Deus estabeleceu quando criou o primeiro casal. "Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne" (Génesis 2:24). As palavras de Jesus em Mateus 19:4-6 afirmam que a intenção de Deus desde a criação de Adão e Eva era que o homem fosse fiel a uma esposa legítima até à morte. As palavras que descrevem o primeiro casamento mostram que o Senhor pretendia que outros seguissem o mesmo padrão. Adão não tinha pais para deixar, mas os filhos de centenas de gerações posteriores têm cumprido este aspecto do princípio perpétuo estabelecido no Éden. Mesmo em sociedades corrompidas por anarquia e iniquidade, o casamento mantém uma posição honrada (Hebreus 13:4).
A relação do casamento: Dois se tornam um
Juntar duas pessoas numa união completa descreve vividamente a beleza do casamento que Deus planeou. Deus não pretendia deixar o homem sozinho; então ele lhe deu a companheira perfeitamente adequada. Quando um homem e uma mulher se casam, eles formam uma nova e única unidade. Eles dividem uma relação sexual especial que jamais deve ser compartilhada com outros (1 Coríntios 7:3-5). Quando a mulher segue a liderança de amor do marido (Efésios 5:22-33), os dois participam juntos de sonhos e sofrimento, de conquistas e calamidades, do vigor da juventude e da fragilidade da velhice. Para este par privilegiado, a vida não se define mais com a palavra eu, e sim com a palavra nós.
Ao longo dos anos, a fusão de duas mentes na busca da mesma meta eterna cria uma intimidade e compreensão sem igual em relações humanas. A faísca de admiração no olhar de uma jovem noiva é apenas uma sombra do brilho constante no olho de uma mulher que superou décadas de desafios da vida com o homem que ela ama. O prazer que o noivo sente quando toma a mão da sua noiva é meramente um presságio do carinho que sentirá anos depois quando toma a sua da sua mulher, então envelhecida, para firmar os seus passos incertos.
O perigo de desconsiderar os princípios divinos
Aqueles que desprezam a perfeição do plano divino sofrem as tristes consequências de lares quebrados, corações esmagados, e espíritos quebrantados. Uma sociedade que apoia divórcios pecaminosos e incentiva casamentos ilícitos ceifará o que semeia. O sacrifício necessário para casamentos bem-sucedidos é sufocado pelo egoísmo que os destrói. O amor que fornece segurança é substituído pela lascívia que deixa esposas e filhos inocentes abandonados e desprotegidos num mundo cruel. Nem leis humanas nem doutrinas engenhosas podem mudar o facto que Deus permite apenas dois motivos para contrair novas núpcias: morte do primeiro companheiro (Romanos 7:3; 1 Coríntios 7:8-9, 39) ou divórcio porque o parceiro cometeu adultério (Mateus 19:9).
Outros abusos da vontade de Deus também causam destruição. O sexo antes do casamento, incluído no termo bíblico fornicação ou relações sexuais ilícitas, sempre está errado (1 Coríntios 6:9-11, 18; 7:2; Gálatas 5:19; Hebreus 13:4). Mesmo quando perdoado pela graça de Deus, o sexo antes do casamento, muitas vezes, traz graves consequências. Além das possíveis consequências físicas, a fornicação pode roubar o casamento posterior da intimidade especial que Deus fez para ser dividida exclusivamente por pessoas casadas. Relações homossexuais são outra perversão do plano de Deus. Todas as tentativas de "autoridades" humanas a defender a conduta homossexual como algo "natural" não podem apagar as palavras nítidas de Romanos 1:26-27 e 1 Coríntios 6:9-11. Homossexuais, como fornicadores, adúlteros e todos os outros pecadores, precisam se arrepender para buscar o perdão de Deus (Lucas 13:3; Actos 2:38; 8:22; Mateus 3:8).
Abençoados pelo nosso Criador
O casamento é uma das ricas bênçãos preparadas para nós pelo benevolente Criador. Quando seguimos o plano dele, gozamos das maravilhas do amor e da segurança nesta vida, e a expectativa de um lar perfeito na eternidade.
Um foco familiar
No princípio, quando Deus fez o homem, Adão estava sozinho. Diferentes de todos os animais que tinham companheiros, o homem estava sem uma companheira idónea. Foi o Criador que disse, "Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idónea" (Génesis 2:18). Esta declaração afirma o facto de que o homem, ao ser uma criatura social, precisa de uma companheira - ele precisa de relacionamentos. E, por este motivo, Deus criou a família. Ele criou a mulher para que o homem e a sua esposa, no casamento, pudessem ser uma família - uma família que podia se expandir e crescer com o acréscimo de filhos.
Agora quero que se observe que Deus não criou um "amiguinho" para o homem "passar o tempo" com ele; ele não colocou Adão com um grupo de amigos que na verdade não tinham nenhum parentesco com ele. Deus colocou o homem num relacionamento mais íntimo - um com uma mulher que podia ser osso dos seus ossos e carne da sua carne (Génesis 2:23)! Ele colocou o homem num relacionamento familiar! Isso deixa claro que, na visão de Deus, a unidade mais fundamental de todos os relacionamentos humanos é a "família". A família é crucial para a saúde e para o bem estar! O facto é que as pessoas que, infelizmente, não têm família estão a perder algo de importância vital.
Isso pode facilmente ser um dos motivos que Deus organizou a igreja para ser como uma família - não só porque é um óptimo padrão para relacionamentos espirituais - mas também porque a igreja pode suprir a necessidade de ter uma família para aqueles cristãos que infelizmente não têm mais uma família.
O que está a tentar-se fazer enxergar é a prioridade da família! A família deve ser prioridade máxima sobre todos os relacionamentos humanos! Não, a nossa família não vem antes de Deus! Mas a nossa família vem antes de todos os outros relacionamentos humanos! A família é mais importante do que o nosso relacionamento com os vizinhos, ou com o nosso patrão ou até mesmo com amigos! A família, depois de Deus, tem que ter a prioridade máxima, e os cristãos que reconhecem isso terão foco familiar.
Infelizmente vivemos numa sociedade agitada cuja tendência é nos mandar em direcções diferentes uns dos outros - longe da família. Cada indivíduo dentro das nossas famílias geralmente tem as suas próprias actividades independentes que o levam para longe de casa. Frequentemente, em vez de tentar achar coisas que nos unem como uma família, achamos coisas que nos separam. Fazemos viagens separados e gostamos de tipos diferentes de lazer. Cônjuges (principalmente os maridos) querem ficar longe de casa, e os filhos apenas querem passar tempo com os amigos. A maioria das famílias passam mais tempo separadas do que juntas. Nós nem queremos nos sentar juntos no culto.
Agora, acha-se que tudo isso, até certo ponto, pode não ter problema; mas quando se torna a regra, e não a excepção, tem que haver um problema. Os pais, por exemplo, têm uma responsabilidade grande de criar os filhos "na disciplina e na admoestação do Senhor" (Efésios 6:4). Mas como isso pode ser feito quando os nossos filhos sempre estão longe de nós, ao serem influenciados por outros - frequentemente pelo mundo? E vamos falar, se os nossos filhos se sentem-se mais confortáveis ao estarem longe de casa - se preferem passar tempo longe da família do que com a família - então alguma coisa está errada! E isso tem que mudar! Precisamos descobrir o que está tão errado e corrigir essas falhas, para que possamos ter o tipo de família que Deus quer que tenhamos. Se vamos construir famílias melhores, precisamos desenvolver um foco familiar mais forte! Precisamos ver a prioridade da família, nos focalizar em ser uma família e começar a viver como uma família. E se apenas fizermos isso, então, talvez começaremos a ter lares melhores. O que você acha?