VERDADES BÍBLICAS

Não Mais Olhar Atrás

"A outro disse Jesus: Segue-me! Ele, porém, respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Mas Jesus insistiu: Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Tu, porém, vai e prega o reino de Deus. Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa. Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus" (Lucas 9:59-62).

Temos aqui um chamado de Jesus a duas pessoas diferentes, mas que lhe responderam de modo semelhante. Enquanto Jesus esperava de cada uma delas um profundo comprometimento, elas, por sua vez, estavam presas demais às coisas terrenas e questões transitórias.

A primeira pessoa queria sepultar o seu pai antes de seguir este chamado. Particularmente não cremos que o pai já houvesse morrido e o velório estivesse em andamento; pensamos ser um costume onde o filho (normalmente o mais velho) tinha a sua saída de casa liberada somente depois da morte do pai. Porém, independente de qualquer interpretação ou especulação do assunto, temos alguém a dar uma desculpa ao chamado de Jesus, ao demonstrar estar presa a algo e, assim, impedida de atender prontamente ao Senhor.

A segunda pessoa oferece-se para seguir a Cristo, mas queria ao menos despedir-se dos seus. Tinha uma prontidão maior que a primeira e uma desculpa menor (ou que se resolveria mais depressa). Mas Jesus deixa claro que depois de terem se envolvido com ele, estas pessoas não tinham mais a opção de olhar atrás. Se o fizessem, não seriam aptas para o Reino de Deus. A palavra traduzida como "apta", no original grego, é "euthetos". Segundo o Léxico de Strong, o seu significado abrange o conceito de "apropriado" e "útil". De acordo com a afirmação do Senhor Jesus, não podemos hesitar em atender ao seu chamado, nem sermos encontrados presos a coisas ou valores que nos impeçam de seguir adiante em obediência a Ele. A verdade é que todos temos dificuldades de abrir mão de determinados valores. Ficamos presos a algumas coisas da nossa vida. Mas quando se trata de seguir a Cristo, não podemos ter nada que nos prenda. Não podemos mais olhar para trás. Quem põe a mão no arado, precisa olhar para a frente, focar a sua meta. Se olhar para trás não será bem-sucedido no que faz. Semelhantemente, se queremos servir ao Senhor, a opção de olhar atrás não deve existir, uma vez que quem assim procede não é considerado "útil" para o Reino de Deus. Recordo-me que, há anos atrás, assisti ao filme "Fogo contra Fogo" (1995), considerado por muitos um ícone entre os filmes de acção e enredo policial. Na trama, o actor Robert de Niro interpreta a personagem Neil McCauley, um bandido que lidera uma gangue que vem a realizar roubos ousados; já o actor Al Pacino interpreta a personagem Vincent Hanna, o detective que está à frente da caça a esse bando de criminosos. Num determinado momento, o detective aborda o criminoso e o convida para tomarem um café. Nessa conversa eles, de forma discreta, medem forças e fazem ameaças. Quando o detective menciona estar com o seu casamento por um fio por ter que perseguir bandidos como o McCauley, ele imediatamente responde ao policial que quem está nesse tipo de vida não pode pensar num casamento. Isso faz o detective questionar se o ladrão não tinha mulher. Ele diz que sim, mas menciona um conselho que recebeu de outro bandido: "Não se deixe envolver com nada que você não possa abandonar em três segundos, se perceber a polícia atrás de você". Em outras palavras, ele estava a dizer: "Não posso ter nada que me prenda, que me faça hesitar na hora de que tiver que largar tudo para trás".

Este filme recorda de muitas pessoas que vemos converterem-se ao Senhor ao virem do mundo do crime. A maioria dizia que, naquele tempo, só dava certo "trabalhar" com pessoas que não têm nada a perder, que não têm nada que os prenda. Longe de parecer que está aqui a ensinar-se que temos algo a aprender com bandidos, mas pensa-se que eles entenderam a importância de praticar um princípio que, na verdade, é o nosso! E foi exactamente isso que Jesus nos ensinou. Diante do chamado de Deus não deveríamos hesitar nem um segundo sequer em atendê-lo.


O QUE SIGNIFICA OLHAR PARA TRÁS

Antes de falar do significado da expressão usada por Jesus, queremos adiantar um conceito importante: as Escrituras apresentam uma clara diferença entre a conversão e a santificação. A primeira fala do rompimento da pessoa com o mundo e o pecado e é a experiência através da qual alguém passa a desfrutar a salvação. A segunda fala do rompimento da pessoa com coisas que impedem o seu crescimento e progresso na fé. John Wesley declarou: "A conversão tira o cristão do mundo; a santificação tira o mundo do cristão". Concordamos plenamente! Ouvi um dia de um pregador afirmar algo semelhante (ao utilizar uma alegoria bíblica): "Difícil não é tirar o povo do Egipto; difícil é tirar o Egipto do povo!"


Saudades do que ficou para trás

Olhar atrás significa ter saudades do que deixamos, e Deus não admite isto. Jesus também ensinou acerca disto:

"Lembrei-vos da mulher de Ló" (Lucas 17:32). Além de validar o relato do Velho Testamento sobre o que ocorreu com a mulher de Ló, Jesus está a dizer-nos que precisamos aprender com ela.

O Velho Testamento está cheio de memoriais. Monumentos ou episódios que não deveriam ser esquecidos. Não para que o povo de Deus ficasse preso à história, mas para que retivesse as lições que serviriam sempre ao mesmo propósito.


A mulher de Ló

Quando o Senhor tirou Ló e a sua família de Sodoma, advertiu-lhes claramente a que não olhassem para trás:

"Havendo-os levado fora, disse um deles: Livra-te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem pares em toda a campina; foge para o monte, para que não pereças" (Génesis 19:17).

Temos uma figura aqui. Sodoma e Gomorra figuram este mundo perdido e devasso que há de ser julgado por Deus. Mas o livramento de Ló e da sua família figuram a nossa salvação e livramento do juízo e condenação deste mundo. Mas para não ser julgado com o mundo, não basta apenas sair geograficamente dele. É preciso que o nosso coração também saia de lá!

Ao ordenar que não olhassem atrás, Deus estava a dizer que seria o fim de tudo aquilo, e que o coração deles deveria estar totalmente desprendido. Mas a mulher de Ló desobedeceu à ordem divina.

"E a mulher de Ló olhou para trás e converteu-se numa estátua de sal" (Génesis 19:26).

A concordância de Strong mostra que a palavra hebraica traduzida para olhar é "nabat". Também significa "contemplar, mostrar consideração a, prestar atenção". Não fala de alguém que olhou por curiosidade para ver o tamanho do estrago produzido pelo juízo divino. Fala de alguém que tinha o seu coração preso ao que deixou, ao mostrar com isso consideração pelas coisas que havia abandonado. A mulher de Ló é uma figura do comportamento de muitos crentes dos nossos dias, e por isso deve ser lembrada.


Dificuldade de desprendimento

Olhar atrás fala da dificuldade de desprendimento. Matthew Henry declarou: "A primeira lição na escola de Cristo é a abnegação". Há muitas pessoas que não conseguem desprender-se das coisas das quais Deus os libertou. Aquilo que um dia nos prendeu, potencialmente ainda é um perigo. Por isso Paulo advertiu aos gálatas dizendo:

"Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão" (Gálatas 5:1).

O apóstolo revela-nos que o mesmo jugo de escravidão que nos oprimiu um dia, tentará pesar sobre os nossos ombros novamente. Precisamos entender que o fascínio do mundo e os pecados que nos acorrentaram um dia, ainda são um perigo para nós depois da conversão. Se não quebrarmos os vínculos com o passado, podemos ver-nos presos de novo. Assim como a mulher de Ló foi roubada da sua vida ao tornar-se uma estátua de sal, podemos também perder a vida de Deus em nós pelo facto de olharmos para trás.

É por isso que a nossa primeira mensagem deve ser sempre o arrependimento. Esta era a mensagem de Jesus (Marcos 1:15). Era a mensagem que Ele deu aos apóstolos (Lucas 24:47). É um dos rudimentos da doutrina de Cristo (Hebreus 6:1-2). Quando mostramos a alguém que ele é um pecador, qual a sua condição em consequência disso, bem como o preço colhido do pecado, estamos a levá-lo a uma possível quebra de vínculos com o seu passado. Sem um profundo arrependimento e dor pelo pecado, o crente pode ter saudades daquilo que deixou e olhar para trás.


No coração voltaram ao Egipto

Existe dois tipos distintos de desviados. Há aquele tipo de desviado que vira as costas para Jesus e a Igreja e volta para o mundo:

"...Demas me abandonou, tendo amado o mundo presente, e foi para Tessalónica..." (2 Timóteo 4:10).

E também há aquele tipo de desviado que se desvia só no seu coração, embora continue fisicamente no caminho. Foi a estes que Estevão se referiu na sua mensagem, quando mencionou a geração de israelitas que saiu do Egipto e rejeitou o ministério de Moisés:

"É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir. A quem nossos pais não quiseram obedecer; antes, o repeliram e, no seu coração, voltaram para o Egipto, dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque, quanto a este Moisés, que nos tirou da terra do Egipto, não sabemos o que lhe aconteceu. Naqueles dias, fizeram um bezerro e ofereceram sacrifício ao ídolo, alegrando-se com as obras das suas mãos" (Actos 7:38-41).

A frase: "no seu coração voltaram ao Egipto" revela a atitude de olhar para trás e desejar aquilo que foi antes deixado. Eles não voltaram literalmente ao Egipto, da mesma forma como muitos crentes não chegam a abandonar a Igreja, mas no seu íntimo viviam lá, como muitos crentes fazem, sem se desligarem das práticas (ou fantasias) mundanas. Vejamos o que a Bíblia diz sobre como procediam:

"E o populacho [povo misto] que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que, no Egipto, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este maná" (Números 11:4-6).

Existem muitos crentes assim na Igreja. Pessoas que sentem saudades da bebida, das drogas, do sexo ilícito, das festas e de toda a sujeira mundana e do pecado do qual foram libertos por Jesus. Curiosamente, não se lembram que antes eram escravos, que sofriam, que era um tempo difícil e de perseguição. Conseguem ter saudades apenas do que eles achavam que era bom. Esta atitude interior de saudade do que foi deixado, é olhar para trás como a mulher de Ló olhou. É voltar ao Egipto, ainda que não seja de modo literal. No coração, estão a voltar para lá. Na verdade, acredita-se que antes do desvio que envolve o abandono de tudo, a pessoa começa a desviar-se no seu coração. Por isso a experiência de conversão não deve ser banal. A pessoa tem que saber valorizar aquilo que está a abraçar e saber rejeitar para sempre o que está a abandonar. O arrependimento genuíno produzirá este tipo de atitude em nós.


COMO GUARDAR-SE DE VOLTAR ATRÁS

O que podemos fazer, de forma prática, para não incorrer no erro de olhar para trás?

Vamos, de forma resumida, oferecer alguns conselhos objectivos:

- Consciência espiritual

O Senhor Jesus instituiu a Ceia da Aliança com o propósito de nos manter conscientes da sua morte e redenção por nós (1 Coríntios 11:24-25). Isto faz-nos perceber que devemos alimentar a gratidão e o compromisso através da lembrança do que foi feito por nós.

Esquecer-se do que éramos e do que Cristo fez por nós é pura ingratidão. Pedro refere-se de forma negativa àqueles que se esqueceram da purificação dos seus pecados de outrora:

"mas aquele em quem não há estas coisas, é cego, vendo só o que está perto, porque se tem esquecido da purificação dos seus pecados antigos" (2 Pedro 1:9).

Para olhar para trás é preciso esquecer-se do que éramos e do preço que foi pago. Portanto, uma boa forma de nos guardarmos é manter o nosso coração consciente destes factos em todo o tempo. Assim, não mais olharemos atrás e nos conservaremos firmes na nossa fé.


- Firmeza

Alguns acham que nada devemos fazer pela nossa firmeza, mas o facto é que as Escrituras nos ensinam que devemos intencionalmente fazer mais firme a nossa vocação, ao evitar assim de tropeçar, ou voltar atrás.

"Por isso, irmãos, ponde cada vez maior cuidado em fazer firme a vossa vocação e eleição; porque fazendo isto, não tropeçareis jamais. Pois assim vos será dada largamente a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, vinda de Cristo" (2 Pedro 1:10-11).

Somos ordenados pela Palavra do Senhor a vigiar e cuidar da nossa própria firmeza. Contudo, muitos crentes vivem como se nunca tivessem recebido esta ordem. Transferem o cuidado de si sobre outros, mas o facto é que isto é responsabilidade nossa, e de mais ninguém:

"Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que...descaiais da vossa própria firmeza" (2 Pedro 3:17).

Prevenir-se. Acautelar-se. São palavras que indicam uma atitude (e responsabilidade) que Deus nos deu. E o propósito é não descair da própria firmeza. Ao falar assim, o Senhor nos mostra que a queda é uma possibilidade, mas mostra-nos que pode ser evitada por prevenção e cuidado.


- Voto de compromisso

Acredita-se que no nosso coração devemos firmar um compromisso formal com Cristo de não deixá-lo jamais. Ele prometeu que estaria connosco todos os dias (Mateus 28:18). Também prometeu não nos abandonar:

"...porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei" (Hebreus 13:5).

Se Deus prometeu não nos abandonar, porque nós não deveríamos fazer o mesmo?

Pensa-se que cada cristão deveria comprometer-se a não mais voltar atrás. Prometer isto no seu coração e também com a sua boca, da mesma forma como um cônjuge se compromete com outro: ao saber que é para sempre e que não se pode mais voltar atrás. Devemos imaginar uma noiva a dizer ao seu noivo, no dia do casamento, que não poderia garantir se conseguiria ser fiel ou não, que seria melhor não prometer nada para não correr o risco de quebrar uma promessa... Não devemos ter medo do compromisso, pois isto seria o mesmo que entrar já a não acreditar na duração de um relacionamento. Devemos pensar bem antes de entrar, e então entrar para não mais voltar atrás. Deus está a chamar-nos a renovar o nosso compromisso e aliança com Ele, e firmarmo-nos cada dia mais na fé e andar Nele. Como um dia responderemos a Ele?

 Amar a Deus com todo o nosso coração: O que significa?

Escribas e Fariseus tentaram a Jesus muitas vezes com várias perguntas. Outros andaram a perguntar em busca de respostas. Há uma pergunta que foi feita duas vezes por dois grupos diferentes, um que queria aprender e outro que queria prová-lo. É a pergunta sobre qual é o maior mandamento. Vejamos a passagem em questão:

Mateus 22:35-38 "e um deles, doutor da lei, para o experimentar, interrogou-o, dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento na lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento".

Marcos 12:28-30 "Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças".


1. Amar a Deus: o que isto significa?

Conforme lemos, amar a Deus com todo o nosso coração é o mandamento mais importante. Mas, o que isto significa? Infelizmente temos vivido numa época em que a palavra amor tem-se tornado apenas num significado de sentimento. Amar alguém é confundido com o significado de "sentir-se bem com eles". Contudo, "se sentir bem" com alguém não constitui necessariamente um amor em termos bíblicos. Pois em termos bíblicos amor está intimamente ligado ao fazer, e, especificamente, de amar a Deus para fazer o que Deus quer, isto é, obedecer aos Seus mandamentos, à sua vontade. Jesus deixou isso bem claro quando disse:

"Se me amardes, guardareis meus mandamentos" João 14:15.

E "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O que houve, Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo? Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras" João 14:21-24.

Também em Deuteronómio 5:8-10 (vejamos também Êxodo 20:5-6) nós lemos:

"Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra; não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos".

Amar a Deus e guardar os Seus mandamentos, a Palavra de Deus, são coisas inseparáveis uma da outra. Jesus deixou isto bem claro. Aqueles que O amam guardam a Sua Palavra e aqueles que não O amam! Amar a Deus então, o maior mandamento, não significa sentir-se bem sentado no seu banco de Igreja no Domingo de manhã. Isto significa que tentamos fazer o que agrada a Deus, o que faz Deus feliz. E isto é o que importa diariamente. 1 João contém mais passagens que dizem bem o que significa amar a Deus.

1 João 4:19-21: "Nós amamos, porque ele nos amou primeiro. Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, não pode amar a Deus, a quem não viu. E dele temos este mandamento, que quem ama a Deus ame também a seu irmão".

1 João 5:2-3: "Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus, que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são penosos".

1 João 3:22-23: "e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista. Ora, o seu mandamento é este, que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, como ele nos ordenou".

Existem vários erros por aí no cristianismo de hoje. Um muito grave é a falsa ideia de que Deus não se importa sobre se vamos fazer ou não os seus mandamentos, a Sua vontade. De acordo com esse erro, tudo o que importa para Deus é que um momento quando começamos na "fé". "Fé" e "amar a Deus" tem sido separados por questões práticas e são consideradas uma espécie de noções teóricas, estados da mente, que podem existir separadamente conforme cada um vive. Mas fé significa ser fiel. Temos que SER algo, se temos fé. E o que temos é que ser é fieis. E aquele que é fiel agrada àquele a quem se é fiel, ou seja, ele cuida em fazer a vontade de Deus, e seguir os Seus mandamentos.

Outra coisa que se torna evidente a partir do que vimos acima é que o favor e o amor de Deus não são realmente incondicionais, como alguns nos querem fazer crer. Isso nós vemos nas passagens acima também. Assim, em João 14:23, lemos:

"Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada".

Também em 1 João 3:22: "e qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos, porque guardamos os seus mandamentos, e fazemos o que é agradável à sua vista".

E em Deuteronómio 5:9-10: "não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos".

Em João 14:23 existe um "se" e também um "e". Se alguém ama Jesus, ele guardará a Sua Palavra, e, como resultado, o Pai o amará e junto com o Seu Filho farão morada nele. Também em 1 João, recebemos de Deus qualquer coisa que pedirmos, porque guardamos os Seus mandamentos e fazemos o que O agrada. Também em Deuteronómio o amor misericordioso de Deus é mostrado àqueles que O amam e guardam os Seus mandamentos. Há uma ligação clara então entre o amor e o favor de Deus e fazer a vontade de Deus. Em outras palavras não vamos pensar que ao desobedecer a Deus, ao negligenciar a Sua Palavra e os Seus mandamentos, não importa, porque Deus nos amará de qualquer maneira. Também não vamos pensar que porque dizemos que amamos a Deus, nós O amemos de verdade. Eu acho que se amamos a Deus ou não é mostrado pela resposta a uma simples pergunta que segue: Nós fazemos o que agrada a Deus, a Sua Palavra e os Seus mandamentos? Se a resposta for sim, então amamos a Deus, se a resposta for não, então não amamos a Deus. Simples assim.

João 14:23-24: "Se alguém me amar, guardará a minha palavra... Quem não me ama, não guarda as minhas palavras".


2. "Mas eu não sinto que faço a vontade de Deus": O caso dos dois irmãos

Outra área de confusão, quando se trata de fazer a vontade de Deus, é a ideia de que devemos fazer a vontade de Deus, somente se nos sentimos a fazer isso. Mas se não nos sentimos a fazer isso. Então somos supostamente excluídos. Deus não quer que façamos alguma coisa, se não nos sentimos a fazer isso. Mas nós vamos trabalhar sempre, porque sentimos isso? Nós nos levantamos de manhã e pensamos se sentimos a ir para o trabalho e, ao depender se sentimos ou não pulamos para fora da cama ou mais profundo debaixo dos cobertores? É assim que estamos a fazer isso? Cremos que não. Fazemos o nosso trabalho, independentemente de como nos sentimos sobre isso! Mas quando se trata de fazer a vontade de Deus que temos dado muita atenção ao sentimento. É claro que Deus quer que façamos a sua vontade e que sintamos vontade de fazer isso, mas mesmo que não nos sintamos a fazer isso, é muito melhor fazê-lo de qualquer maneira que não fazer nada! E, para usar um exemplo daquilo que o Senhor nos disse, Ele disse: "E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de ti..." (Mateus 18:9). Ele não disse: Se o olho te fizer tropeçar e te fizer sentir vontade de arrancá-lo, então faça. Mas se não sentir vontade de arrancá-lo então está desculpado, uma vez que não o sente. Você pode deixá-lo para que ele continue a levar-te a pecar. O olho danificado tem que ser arrancado, mesmo se sintamos ou não vontade de o fazer. Assim também com a vontade de Deus: é a melhor coisa a fazer e devemos sentir-nos bem ao fazer, mas caso não sintamos, devemos fazer assim mesmo ao invés de desobedecer a Deus. Mas vejamos outro exemplo de Mateus. Em Mateus 21, Jesus foi questionado novamente pelos chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo. Para responder uma das questões Ele fez em forma de parábolas:

Mateus 21:28-31: "Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha. Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi. Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo".

Resposta correcta. O segundo filho não sentiu vontade de fazer a vontade do pai. Ele disse claramente a ele. Eu não quero ir à vinha hoje. Mas então ele se arrependeu e mudou de ideia. Quem sabe o que causou esta mudança. Crê-se que foi o carinho pelo pai. Ele ouviu o seu pai a chamá-lo a fazer a sua vontade, mas não sentia vontade. Ele queria dormir um pouco mais, tomar um café com calma e talvez sair com os amigos. Então a sua primeira reacção, talvez fora da cama, era gritar "Eu não vou". Mas então pensou no pai e porque o amava, ele mudou de ideia, saiu da cama e foi fazer o que o seu pai queria que ele fizesse!

O primeiro filho por outro lado, talvez já fora da cama disse ao seu pai - "Eu irei pai". Mas não foi! Talvez tenha voltado a dormir, ou então chamou um amigo e saiu para fazer o que ele queria. Ele talvez tenha "sentido" vontade de fazer a vontade do seu pai por um momento, mas sentimentos vêm e vão. Então este "sentimento" de fazer a vontade de Deus foi substituído por outro sentimento de fazer algo diferente e então ele não foi! Qual dos dois filhos fez a vontade do pai? Aquele que não sentiu vontade no princípio, mas foi assim mesmo, ou aquele que sentiu vontade de fazer no início, mas na verdade não o fez? A resposta é óbvia. Agora, vimos anteriormente que amar ao Pai significa fazer a Sua vontade. Poderíamos contudo fazer a seguinte pergunta: Qual dos dois amava o Pai? Ou com qual dos dois o pai estava agradecido? Com aquele que disse-lhe que faria, mas não fez ou com aquele que de facto fez? A resposta é com certeza a mesma: Com aquele que fez a vontade do Pai!

Em conclusão: fazer a vontade de Deus, independentemente dos sentimentos! Mesmo se a primeira resposta for "Não farei". "Eu não sinto vontade de fazê-lo", devemos mudar de ideia e seguir adiante e fazer. Sim, é bem melhor fazer a vontade de Deus e sentir vontade de fazê-lo, mas entre não fazer a vontade de Deus e fazê-lo sem aquela vontade imensa, a opção a ser escolhida é: Eu farei a vontade do meu Pai de qualquer maneira, porque eu amo ao meu Pai e quero agradá-lo.


3. A noite no Getsêmani

Agora, o texto acima não significa que não podemos ou não devemos falar com o Pai e pedir-Lhe outras opções possíveis. O nosso relacionamento com o Pai é um RELACIONAMENTO real. O Senhor quer que os canais de comunicação com os filhos servos estejam sempre abertos. O que aconteceu no Getsêmani naquela noite em que Jesus foi entregue para ser crucificado é característico. Jesus estava no jardim com os seus discípulos e Judas, o traidor estava a chegar, juntamente com os servos dos chefes dos sacerdotes e dos anciãos, para prendê-lo e crucificá-lo. Jesus estava em agonia. Ele preferia que este cálice fosse afastado dele. E Ele pediu ao Pai a respeito:

Lucas 22:41-44: "E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. Então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava. E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão".

Não há nada de errado em pedir ao Pai por outra saída. Nada de errado em pedir ao Pai se pode ficar em casa hoje e não ir à vinha! O que é errado é ficar em casa de qualquer maneira sem pedir-Lhe. Isto é desobediência. Mas não é errado pedi-Lo por uma excepção ou outro caminho. De facto não há outro caminho, nós podemos ter um encorajamento especial para movermo-nos adiante e fazer a Sua vontade. Jesus deu tal encorajamento: "Então apareceu um anjo que o confortava".

Jesus preferiria ter afastado o cálice da sua presença, MAS apenas se fosse a vontade de Deus. E neste caso não era. E Jesus aceitou. Como ele disse a Pedro após Judas chegar na companhia dos guardas:

João 18:11: "Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice que o Pai me deu?"

Jesus sempre procurou agradar ao Pai, mesmo quando ele não sentia vontade de o fazer. E porque Ele sempre quis agradar ao Pai, o Pai nunca o abandonou. Como ele disse:

João 8:29: "E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado só; porque faço sempre o que é do seu agrado".

Ele é o nosso exemplo. Como o apóstolo Paulo nos diz em Filipenses:

Filipenses 2:5-11: "Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus coisa a que se devia aferrar, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai".

Jesus humilhou-se. Ele disse "não seja feita minha vontade". Jesus OBEDECEU! E o mesmo devíamos fazer também. A mesma mente, a mente da obediência, a mente que diz não a minha, mas a sua vontade, seja também connosco! Como Paulo continua:

Filipenses 2:12-13: "De sorte que, meus amados, do modo como sempre obedecestes, não como na minha presença somente, mas muito mais agora na minha ausência, efectuai a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efectuar, segundo a sua boa vontade".

"De sorte que, meus amados", isto é, porque temos um grande exemplo de obediência, Jesus Cristo o nosso Senhor, vamos obedecer também, ao trabalhar para a nossa salvação com temor e tremor, pois Deus está a operar em nós ambas as coisas, a vontade e o fazer o que lhe agrada. E Tiago diz:

Tiago 4:6-10: "Portanto diz: Deus resiste aos soberbos; dá, porém, graça aos humildes. Sujeitai-vos, pois, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos para Deus, e ele se chegará para vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações. Senti as vossas misérias, lamentai e chorai; torne-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará".


Conclusão

Amar a Deus com todo o nosso coração é o maior mandamento. Mas amar a Deus não é um estado de mente, onde nos "sentimos bem" a respeito de Deus. Amar a Deus é o mesmo que fazer a vontade de Deus. Não existe esta coisa de dizer que tenho fé, mas não sou fiel a Deus! Não existe esta coisa de dizer que ama a Deus, mas ao mesmo tempo ser desobediente a Ele. Não existe esta coisa de dizer que tenho fé, mas não sou fiel a Deus! A fé não é um estado de mente. A fé em Deus e na Sua Palavra é igual a ser fiel a Deus e à Sua Palavra. Não vamos acreditar nestes enganos que tentam separar um do outro. Também o amor de Deus e o Seu favor voltam àqueles que amam a Deus, isto é, àqueles que O agradam, e fazem a Sua vontade. Além disso também vimos que é melhor seguir adiante e fazer a vontade de Deus mesmo se não sentimos vontade de fazê-la, do que desobedecer a Deus. Isto não faz de nós robôs sem sentimentos. Podemos (devemos) sempre falar ao Senhor e pedir-Lhe um outro caminho se sentirmos que a Sua vontade é muito difícil para nós fazermos e devemos aguardar a Sua resposta. Se houver outro modo Ele nos proverá. Ele é o Mestre e Pai mais maravilhoso de todos, gracioso e bom para todos os seus filhos. E se houver outro caminho Ele nos encorajará a fazer o que possa parecer difícil para nós, exactamente como ele fez a Jesus naquela noite.

Testemunho

A arca da aliança era chamada de arca do testemunho (Êxodo 39:35), porque continha as duas tábuas de pedra nas quais Deus havia escrito os 10 mandamentos. O testemunho não era a arca, mas as tábuas, porque continham a escrita do próprio Deus relativa à Sua vontade. Disto aprendemos que o testemunho é a própria Palavra revelada de Deus a nós, nas Escrituras, tanto do Velho quanto do Novo Testamento. No Novo Testamento temos o testemunho de Jesus e do Espírito Santo, escrito pelos apóstolos. Os apóstolos e os discípulos de Jesus eram as suas testemunhas, porque foram incumbidos de dar o seu testemunho ao mundo. Cabe à testemunha testificar a verdade.

Assim, o próprio Jesus foi testemunha da verdade do Pai ao testificar dela no Seu ministério terreno; o Espírito Santo continua a ser testemunha da verdade, e com ele são testemunhas todos os crentes porque têm sido feitos participantes da verdade por meio da regeneração e santificação do Espírito.

A garantia que temos de que a Palavra de Deus é a verdade, vem-nos do testemunho interno do Espírito Santo nos nossos corações, especialmente pela aplicação da Palavra nas nossas próprias vidas. É-nos dado pelo Espírito, como crentes, não somente crermos que a Palavra é a verdade, como também participarmos das coisas em que cremos, pois são traduzidas como realidades na nossa fé em Cristo. Por exemplo, a Palavra afirma que se nos arrependermos e crermos em Cristo somos transformados em novas criaturas, e isto de facto ocorre quando nos convertemos. Assim, a verdade vivida dá testemunho da verdade prometida.

E todas as demais promessas da Palavra passam pelo mesmo teste de veracidade, ao comprovar a completa fidelidade de Deus em cumprir tudo o que tem prometido. De tal forma o testemunho está ajustado à nossa própria vida, que é comum dizer-se que devemos dar testemunho de Cristo com as nossas vidas exemplares. As vidas santificadas é o melhor testemunho de que servimos de facto a um Deus que é santo, e nos santifica.


Por que o crente deve ser testemunha de Jesus e da Sua Palavra?

Não somente porque este dever nos é imposto por Deus, mas porque o testemunho de Jesus é o espírito da profecia (Apocalipse 19:10), ou seja, o Espírito Santo que habita no crente move-o a falar do evangelho, pois este é também o ministério do próprio Espírito Santo nesta dispensação da graça.

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