
Vida Cristã
Quando Deus diz não aos nossos sonhos
Vamos imaginar: nós planeamos algo por um bom tempo, nos preparamos para isso, sonhamos acordados com todos os detalhes. De repente, da maneira mais inesperada possível, aquilo parece estar a acontecer, estar a dar certo. Nós nos animamos. "Finalmente!", pensamos, "Deus respondeu à minha oração".
Entretanto, pouco a pouco percebemos que a paz que deveria acompanhar aquela decisão não chega. E por mais que queiramos que aquele sonho se concretize, o nosso coração está cheio de dúvidas e o nosso diário espiritual lotado de páginas de orações a pedir paz e conforto.
"Não era para ser assim", pensamos. Mas, continuamos. Nós forçamos. Nós nos esforçamos. Parece tão correcto, tão adequado, traria tanta glória ao Senhor! Por que então isso insiste em não se concretizar?
De repente, no meio do turbilhão de vozes na nossa cabeça, ouvimos um sonoro e ressonante "não". A voz do Senhor. Aquele "não" que insistimos por meses em fingir não escutar agora ressoa tão alto quanto um trovão no meio à tempestade que está o nosso coração e não conseguimos mais ignorar. Mas, aí algo surpreendentemente acontece: PAZ. Paz como não sentimos durante muito tempo. Ela nos invade e vamos dormir com um sorriso no rosto porque finalmente deixamos a vontade Dele ser maior que a nossa.
Irmãos, pensem convosco mesmos: quantas vezes essa situação se repetiu na nossa vida?
Talvez essa situação não tenha acontecido exactamente da mesma forma, talvez nós não chegamos a abrir mão dos nossos sonhos, não chegamos a obedecer o "não" que ressoava na nossa cabeça. Talvez estejamos agora mesmo a lutar contra a vontade de Deus, ao dar "murros em ponta de facas". Ao tentar empurrar o nosso sonho ladeira acima quando Deus está a mandar-nos abrir mão dele. Isso é cansativo, é exaustivo. Nós pensamos "mas, não tem nada de errado nisso que eu sonho! Faria tão bem para mim! Seria bom para muita gente!".
Mas, quando Deus diz não aos nossos sonhos é porque aquilo não seria bom, seria desastroso.
Nós cremos num Deus de amor. Um Deus que tanto nos ama, que prova a nossa fé, nos passa pelo doloroso fogo para que saiamos mais parecidos com Ele. Confesso a vocês que, durante a minha prova da abertura da minha loja de informática, nessa situação quase duvidei desse amor divino. Mas no final descobri que a culpa foi minha em tentar ir contra a vontade de Deus. Eu pensava "porque o Deus de milagres, que me amou com amor eterno, não faz um milagre e permite que o meu sonho se realize?"
Jeremias 31:1 - "Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí".
Mas, Deus, na sua bondade imerecida por mim, me fez lembrar daquele momento da história de Abraão:
"E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi" [Génesis 22:1-2].
A Bíblia não relata, mas podemos imaginar o que se passou pela cabeça de Abraão. O mesmo Deus que havia lhe prometido um filho, agora pedia-lhe que o sacrificasse. Por quê? Eu sei que Abraão era um servo milhões de vezes mais fiel e maduro na fé do que eu sou, mas eu crio que, mesmo no meio da sua fé, ele sofreu. Foram três dias até chegarem ao lugar onde o sacrifício deveria ser feito. Três longos dias a pensar, a repensar, a sofrer.
A Palavra diz que Deus PROVOU a Abraão. E ele foi aprovado. Ele levou até às últimas consequências o mandado do seu Deus. E Deus o recompensou:
"E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho;
Mas o anjo do SENHOR lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho.
Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho" [Génesis 22:10-13].
Sabem irmãos, a verdade é que no fundo, o meu coração quer crer que, por causa da nossa obediência em sacrificarmos os nossos sonhos por causa da vontade de Deus, Ele fará como fez a Abraão, e proverá uma saída. Mas, pode ser que Ele não queira esse sonho. Pode ser que tenhamos desistido desse sonho agora e que isso seja para sempre. Porque esse sonho não faz parte dos planos Dele para nós. E isso é doloroso, não vou mentir. Mas, quando olho para a Bíblia - que não descreve mentiras, mas histórias reais - e vejo histórias como a de Abraão, e de José (que ficou anos preso, sem entender o porquê), eu vejo que no final há algo em comum: restauração e paz. Pode ser que não recebamos a realização dos nossos sonhos no futuro. Mas de uma coisa tenho a certeza: a paz que inunda o meu ser é eterna, e não me deixa vacilar. Ele é a minha paz. Ele é suficiente.
Se Abraão não negou o seu próprio filho ao Senhor como ousaríamos negar esse nosso sonho?
Creio que Ele tem planos para mim maiores do que eu jamais possa pensar. E Ele nos prova, nos passa pelo fogo. Passar pelo fogo dói, mas sair mais parecido com Cristo faz a dor valer a pena. Irmãos, se vocês têm um ressonante "não" na vossa cabeça, mas estão com medo de responder a ele, devemos nos lembrar da história de Abraão. Ele estava pronto a sacrificar o seu próprio filho por amor e obediência ao Senhor.
E eu quero amar o meu Deus a esse ponto, ao ponto de fazer morrer o próprio eu, os meus próprios sonhos, direitos e vontades, de carregar a minha cruz, para que Ele seja tudo em mim. Cristo em nós, esperança da glória.
Deixa eu te encorajar então? Se Deus está claramente a mandar-nos abrir mão de um sonho, por mais que doa, devemos obedecer. Pois até pode ser que Ele ressuscite o nosso sonho, mas, pode até ser que não. De qualquer forma, uma coisa é certa: Ele ainda nos ama. Ele ainda está no controle. E Ele é o ÚNICO que sabe o que é melhor para nós, o que nos fará mais parecidos com Cristo.
Limitados, mas usados por Deus
"As nossas limitações não nos tornam improdutivos para Deus, mas o pecado sim!"
Por vezes vemos pessoas a viverem na total improdutividade espiritual por conta das suas limitações. Seja por medo, timidez, debilidade física..., algo bem particular que faz com que deixem de produzir para Deus. Olhamos tanto para as nossas limitações e nos colocamos debaixo de acusação o tempo todo, ao admitir que não podemos falar do amor de Deus e, até mesmo, trabalhar na Sua obra. Pode Deus usar a nossa vida, ao sermos tão limitados? Vejamos o que nos diz a história...
Moisés, o grande libertador do povo judeu, tinha a sua limitação pessoal e isso não o tornou improdutivo para Deus.
"...Ah! Senhor! Eu nunca fui eloquente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua" (Êxodo 4:10).
Moisés considerou a eloquência uma qualidade necessária para comparecer diante de Faraó e se considerou improdutivo mediante a sua limitação pessoal. Porém, Deus mesmo diante da limitação de Moisés não o considerou improdutivo e o usou de forma sobrenatural para conduzir o povo à liberdade.
O valente profeta Elias, que havia desafiado o rei Acabe, juntamente com os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Aserá (mãe de Baal), após ter sido usado por Deus para ser canal da manifestação do Seu poder, teve medo e fugiu para o deserto onde pediu para Deus a morte (sugerimos a leitura desse surpreendente episódio em 1 Reis 18:19...).
Elias também era limitado, mas a sua limitação não o tornava improdutivo para Deus... Existe um propósito de Deus na minha limitação? O apóstolo Paulo foi educado e instruído por Gamaliel (distinto doutor da lei judaica), original de Tarso - notável centro de instrução, quase tão célebre como Atenas ou Alexandria. Por zelo e por acreditar que estava a fazer a vontade de Deus, perseguiu os cristãos e acompanhou de perto a morte de Estevão por apedrejamento. Evento esse que trouxe como consequência a conversão de Paulo e o transformou de perseguidor a discípulo de Jesus Cristo. Paulo teve grandes experiências com Deus e profundas revelações vindas do coração de Deus para o seu coração. Porém, num determinado momento da sua vida, mesmo ele, com todas as qualificações e experiências, se sentiu limitado diante de Deus.
"E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne..." (2 Coríntios 12:7).
As nossas limitações nos lembram que "Temos um tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós" (2 Coríntios 4:7). As nossas limitações não nos tornam improdutivos para Deus!
"...A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza..." (2 Coríntios 12:9).
O objectivo das nossas limitações é o aperfeiçoamento do poder de Deus em nós e para que toda a glória aprendamos a dar somente a Ele. Porém, como foi dito no início: O pecado nos torna improdutivos!
"...o salário do pecado é a morte..." (Romanos 6:23).
O pecado nos distancia de Deus e também das coisas de Deus. Alguns ficam dias ou até semanas sem conseguir confessar, se arrepender e se reconciliar com Deus. Devemos perceber quanta improdutividade nos sobrevem após o pecado... Mas e agora, o que fazer?
"Filhinhos meus, estas cousas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo;" (1 João 2:1).
Devemos perceber o grande amor que o Senhor tem por nós...
"Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (1 João 1:9).
"As nossas limitações não nos tornam improdutivos para Deus, mas o pecado sim!" Mas é possível mudar a direcção!